Jean Paul Prates anuncia saída do PT e negocia com MDB e PDT
Ex-presidente da Petrobras diz que deixa o partido sem mágoas, mas cobra processos mais democráticos e alerta Lula para estratégia da oposição em 2026
247 - O ex-senador e ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates confirmou, em entrevista à CartaCapital publicada neste domingo (28), que está deixando o Partido dos Trabalhadores após mais de uma década de militância. Em conversas com MDB e PDT, Prates avalia por qual sigla tentará disputar uma vaga no Senado em 2026.
Segundo ele, a decisão não tem relação direta com sua saída da Petrobras no ano passado, mas com o que classifica como “falta de participação interna” no processo de definição de candidaturas do PT no Rio Grande do Norte.
“Fui senador, presidi a Petrobras, e ainda assim não houve consulta. Meu ponto não é buscar espaço para mim, mas defender que o processo de escolha de candidatos seja participativo, inclusive com as bases. Pensei que no PT esta seria a regra. Como não foi, vou-me embora para outro lugar que seja assim”, declarou à CartaCapital.
Prates atribui sua saída da Petrobras a “divergências técnicas” com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), mas garante não guardar mágoas do presidente Lula. Ele elogia a continuidade da estratégia traçada em sua gestão, mas tem ressalvas com algumas decisões recentes da estatal, como o foco renovado em etanol e o adiamento de projetos de energia eólica offshore.
“A política energética virou uma espécie de quermesse de megawatts, com lobistas garantindo seus interesses enquanto outros tentam sobreviver à sombra”, disparou.
Cenário eleitoral e desafios de Lula
Sobre 2026, Prates avalia que Lula é favorito, mas alerta para a possibilidade de a oposição lançar vários candidatos para criar um “caos cognitivo” no debate eleitoral. Ele defende que o governo planeje com inteligência a coalizão de apoio, equilibrando as demandas do centro político e do Centrão sem ceder a “lobbies prejudiciais”.
“A estratégia deles provavelmente será lançar cinco candidatos contra Lula. Essa é a grande armadilha que eles planejam: discutir, discutir, e, no final, considerar melhor ter cinco sujeitos atacando Lula ao mesmo tempo do que um ou dois”, disse.
Prates promete uma saída “tranquila e agradecida” do PT, seguida da escolha da nova legenda e, só depois, da eventual decisão sobre uma candidatura.
“Não sou profissional da política. Vou para a política porque gosto dela. Mas os partidos precisam aprender com o futebol [...] Não é o jogador que se convoca e diz onde vai jogar. Ele escolhe a sua profissão, se quer jogar como goleiro, lateral, ponta… Mas a missão de escalar o time é do treinador”, resumiu.