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"Desonestidade, demagogia e irresponsabilidade ambiental", diz Jean Paul Prates sobre Trump na ONU

Ex-presidente da Petrobras rebate críticas de Donald Trump à energia eólica e destaca liderança da China no setor

Jean Paul Prates e energia eólica offshore (Foto: Divulgação)

247 - Ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, chairman do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), criticou duramente o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Assembleia Geral da ONU. Em postagem nas redes sociais, Prates classificou como “desonestidade intelectual, demagogia barata e irresponsabilidade ambiental” as declarações do líder norte-americano sobre energia eólica.

Trump afirmou que a fonte é “patética” e “a mais cara do mundo”, além de insinuar que a China apenas vende turbinas, mas não aproveita o vento para gerar eletricidade. Segundo Prates, essas afirmações carecem de base técnica e ignoram dados recentes de agências internacionais de energia.

Energia eólica é competitiva e estratégica

Prates destacou que a energia eólica terrestre (onshore) está entre as fontes mais baratas da matriz elétrica global. Relatórios da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e da Agência Internacional de Energia (IEA) comprovam que o custo nivelado de eletricidade (LCOE) da eólica onshore já compete, e em muitos casos supera, o de usinas fósseis como gás natural e carvão.

Embora a geração offshore ainda apresente custos mais elevados, o ex-presidente da Petrobras ressaltou que esses valores estão em rápida queda, impulsionados pela inovação tecnológica, pela escala de produção e pelo fortalecimento das cadeias de suprimento globais. “Chamar a fonte de ‘a mais cara do mundo’ não passa de retórica política sem fundamento técnico”, afirmou.

China lidera em capacidade instalada

Em contraposição ao discurso de Trump, Prates lembrou que a China é hoje a principal potência mundial em geração eólica. Entre 2023 e 2024, o país asiático foi responsável por mais da metade da nova capacidade instalada global, tanto em projetos onshore quanto offshore.

“As maiores turbinas eólicas já fabricadas, de 16 a 18 MW, são chinesas e estão sendo instaladas em parques offshore”, destacou Prates. Ele acrescentou que é incorreto afirmar que a China apenas comercializa equipamentos: “Na realidade, os chineses utilizam a energia eólica em escala inédita, integrando-a a políticas industriais e de descarbonização”.

Retórica política versus realidade de mercado

Não é a primeira vez que Trump ataca a energia eólica. Durante sua presidência, ele chegou a difundir alegações sem respaldo científico, como a de que turbinas poderiam causar câncer pelo barulho. Para Prates, essa narrativa está diretamente ligada ao apoio do presidente norte-americano a combustíveis fósseis — carvão, gás e petróleo — e ao apelo a setores rurais conservadores que resistem à mudança da paisagem.

Enquanto isso, no mercado internacional, a eólica é cada vez mais vista como estratégica para garantir segurança energética e competitividade industrial. “As falas de Trump se assemelham mais a um papo de clube de golfe, regado a estatísticas distorcidas e argumentos equivocados, do que a um discurso alinhado à realidade econômica e tecnológica”, concluiu Prates.

Para o ex-senador, o ataque do presidente dos Estados Unidos não apenas ignora a transformação em curso no setor energético, como também desconsidera a relevância da energia eólica como pilar da matriz elétrica do século XXI.

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