Flotilha: Lula condena Israel por detenção de brasileiros e cobra libertação imediata
Em pronunciamento oficial, presidente classificou sequestro de ativistas como "situação absurda" e cobrou que cidadãos sejam devolvidos em plena segurança
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou oficialmente nesta segunda-feira (6) sobre o sequestro de cidadãos brasileiros que integravam a missão humanitária Flotilha Global Sumud, interceptada ilegalmente por forças de Israel em águas internacionais. Em pronunciamento publicado em suas redes sociais, Lula afirmou que o Estado de Israel “violou as leis internacionais” e determinou que o Itamaraty use “todas as ferramentas diplomáticas e legais” para garantir a libertação e o retorno em segurança dos brasileiros detidos.
“O Estado de Israel violou as leis Internacionais ao interceptar os integrantes da ‘Flotilha Global Sumud’, entre eles cidadãos brasileiros, fora de seu mar territorial. E segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país”, afirmou o presidente.
“Desde a primeira hora, dei o comando ao nosso Ministério das Relações Exteriores para que preste todo o auxílio para garantir a integridade dos nossos compatriotas e use todas as ferramentas diplomáticas e legais, junto ao Estado de Israel, para que essa situação absurda se encerre o quanto antes e possibilite aos integrantes brasileiros da flotilha regressarem a nosso país em plena segurança.”
A declaração ocorre cinco dias após a interceptação das embarcações civis da flotilha, composta por ativistas e parlamentares de mais de 40 países, que tentavam romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar alimentos, água e medicamentos à população palestina.
Primeiro brasileiro deportado relata violência
Segundo informações da Agência Brasil, o educador popular Nicolas Calabrese, um dos 15 brasileiros que compunham a delegação, foi o primeiro integrante a ser deportado. Ele relatou ter sofrido violência física e humilhações durante a captura por militares israelenses.
“Fomos humilhados, sofremos golpes e violência física, principalmente a companheira Greta [Thunberg]”, relatou Nicolas, que foi deportado para a Turquia no dia 4 e deve desembarcar no Brasil ainda nesta segunda-feira.
De cidadania argentina e italiana, Calabrese vive há mais de dez anos no Rio de Janeiro, onde coordena a Rede Emancipa de educação popular.
De acordo com o governo israelense, outros 171 integrantes da missão, entre eles a ativista Greta Thunberg, foram deportados neste domingo (5) para a Grécia e a Eslováquia. O comunicado israelense, no entanto, não menciona nenhum cidadão brasileiro entre os deportados.
Brasileiros seguem detidos e em greve de fome
Pelo menos 13 brasileiros permanecem sob custódia israelense, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL-Campinas), e o ativista Thiago Ávila, liderança da Global Sumud Flotilla.
Além deles, seguem detidos Bruno Gilga, Lisiane Proença, Magno Costa, Ariadne Telles, Mansur Peixoto, Gabriele Tolotti, Mohamad El Kadri, Lucas Gusmão, João Aguiar e Miguel Castro.
O movimento internacional informou que Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles estão em greve de fome em protesto contra a fome imposta à população de Gaza. No domingo (5), Ávila também iniciou uma greve de sede, denunciando a negação de medicamentos essenciais a ativistas detidos, incluindo pessoas com hipertensão e doenças cardíacas.