Eduardo Bolsonaro diz que família está sendo "apagada da política" e poderá deixar o PL caso Tarcísio se filie ao partido
Deputado federal critica possível entrada do governador de São Paulo no PL e volta a atacar o ministro do STF Alexandre de Moraes
247 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que sua família pode abandonar o Partido Liberal caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deixe o Republicanos e se filie ao PL. Segundo Eduardo, a eventual mudança de Tarcísio representaria um risco de enfraquecimento político para os Bolsonaro.
“De fato é algo que a gente pensa (sair do PL, se Tarcísio vier). Porque, da maneira que as coisas estão caminhando, existe um direcionamento para apagar a família Bolsonaro do cenário político”, afirmou o parlamentar durante participação no programa Contexto Metrópoles, nesta sexta-feira (29). Ainda segundo ele, uma eventual presidência de Tarcísio deixaria os aliados bolsonaristas sem espaço no governo. “Qual é o secretário bolsonarista que existe no governo Tarcísio? Não tem. Mas tem pessoas ali que são ligadas ao PSOL”, criticou.
Ele citou ainda a rejeição de um nome sugerido por ele para a Secretaria de Cultura de São Paulo. “O nome não foi aceito, e foi colocada uma pessoa que já foi secretária de cultura do governo de Fernando Haddad (PT)”, disse, em referência à escolha de Laís Vita. Apesar das críticas, Eduardo ponderou que não considera o governador envolvido em corrupção e o descreveu como “um excelente gestor”.
A entrevista também abordou os diálogos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos quais Eduardo aparece trocando mensagens ásperas com o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele alegou que a Polícia Federal “vazou de propósito” os conteúdos para criar constrangimento. “São conversas pessoais de pai para filho, que foram vazadas pela Polícia Federal. Não vejo motivo nenhum para expor esse tipo de coisa”, declarou. Eduardo ressaltou que costuma tratar Jair Bolsonaro com respeito. “Normalmente eu trato meu pai até por ‘senhor’”, afirmou.
Eduardo Bolsonaro também voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele afirmou que o magistrado mantém um padrão de vida incompatível com o salário do cargo. “É evidente que ele tem uma outra rede de financiamento, uma outra fonte. Isso está conectado com a esposa dele”, disse, em referência à advogada Viviane Barci de Moraes. O deputado chegou a sugerir que a mulher de Moraes poderia ser alvo de sanções da chamada Lei Magnitsky, utilizada em alguns países para punir violações de direitos humanos e atos de corrupção.
Residente nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo disse que o governo brasileiro deveria manter uma delegação permanente em Washington para articular negociações comerciais diretamente com a administração de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. “Será que não dá pra deixar uma delegação brasileira disponível 24 horas em Washington DC?”, questionou, defendendo que o Brasil adote postura semelhante à do Japão em negociações tarifárias.
Eduardo vem articulando junto a autoridades estadunidenses uma série de sanções contra integrantes do Poder Judiciário Brasileiro visando interferir no julgamento sobre uma trama de golpe de Estado em que seu pai figura como um dos réus.
A permanência de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos ocorre em meio a investigações da Polícia Federal. Ele e o pai foram indiciados em um inquérito que apura suposta coação no curso do processo e tentativa de obstrução de justiça. O caso está sob análise da Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresenta denúncia contra ambos.
Nesta semana, o deputado solicitou formalmente à presidência da Câmara autorização para exercer o mandato a partir dos EUA. Caso não seja autorizado, pode perder o mandato por excesso de ausências nas votações.