Cúpula militar aposta em absolvição de dois generais da trama golpista
Militares esperam absolvição parcial de generais que supostamente não tiveram intenção deliberada de participar da tentativa de golpe
247 - A cúpula das Forças Armadas acompanha atentamente o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe que envolve Jair Bolsonaro (PL) e generais de alta patente. Segundo Bela Megale, do jornal O Globo, apesar do pessimismo em relação às chances de absolvição completa, há expectativa de que pelo menos dois réus — os generais da reserva Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira — possam ser poupados de parte das acusações.
Militares esperam que os ministros da Primeira Turma do STF considerem que não houve dolo — isto é, intenção deliberada — por parte de Heleno e Nogueira na trama golpista. Uma eventual absolvição parcial seria vista internamente como um alívio, sobretudo porque os dois generais respondem a cinco crimes: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Defesa de Paulo Sérgio Nogueira e as expectativas
Entre os acusados, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira recebeu a maior mobilização da caserna em sua defesa. O argumento central foi de que, por ocupar um cargo de natureza política, ele estaria mais exposto às pressões diretas de Jair Bolsonaro durante o processo eleitoral e após a derrota nas urnas.
Na semana passada, a defesa de Nogueira buscou se distanciar de Bolsonaro, afirmando que o general teria tentado dissuadi-lo de adotar “medidas de exceção”. Essa estratégia aumentou a expectativa de uma decisão favorável ao militar. No entanto, ministros do STF destacaram que sua atuação para colocar em dúvida a credibilidade das urnas eletrônicas é um ponto sensível que pode dificultar uma absolvição.
O caso de Augusto Heleno
No caso de Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ministros reconhecem que há provas contra ele. Contudo, avaliam que o distanciamento em relação a Bolsonaro nos últimos meses de governo acabou deixando outros militares em situação mais delicada, como Walter Braga Netto.
Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, é apontado como tendo atuado de forma mais próxima e subserviente ao ex-presidente, o que reduz suas chances de absolvição ou de penas brandas.
Outros investigados
Já para o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, militares não veem espaço para uma absolvição, mesmo parcial. A defesa conduzida por Demóstenes Torres foi mal avaliada dentro das Forças Armadas, já que teria se limitado a elogiar ministros do STF sem apresentar argumentos consistentes para desvincular o almirante da reunião em que se discutiu a minuta de decreto golpista com Bolsonaro.