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Centrão pressiona Bolsonaro a apoiar sucessor fora da família antes de cumprir pena em regime fechado

Lideranças do bloco articulam candidatura de direita em 2026 e veem Tarcísio de Freitas como principal nome

Centrão pressiona para Bolsonaro definir apoio a Tarcísio (Foto: Redes sociais)

247 - A pressão sobre Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, ganhou força no Centrão. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo, dirigentes de partidos do bloco querem que o ex-presidente, ainda em prisão domiciliar, indique quem será o candidato da direita em 2026 — e a preferência é que esse nome esteja fora do círculo familiar.

O movimento se intensificou após a confirmação da pena, com articulações que envolvem diretamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como favorito de líderes como Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP). Em paralelo, outras lideranças do bloco tentam impedir que Bolsonaro ou seus filhos sejam protagonistas na disputa presidencial.

Com a conclusão do julgamento de Bolsonaro, interlocutores do Centrão avaliam que este é o momento de convencê-lo a apoiar uma candidatura externa à família. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que pretende conversar com o ex-presidente para antecipar um acordo sobre o sucessor.

A movimentação ocorre em meio a visitas políticas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os parlamentares já liberados para encontrar Bolsonaro estão Carlos Portinho, Marcos Rogério, Sanderson e Bruno Scheid.

Em defesa do pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou:

“Todos que colocaram seu nome para 2026 são legítimos, mas precisam do apoio de Bolsonaro e sabem disso. Não adianta ter pressa.”

Disputa pela anistia e reflexos eleitorais

Enquanto busca ampliar seu espaço político, Tarcísio voltou a Brasília para tentar destravar a proposta de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O governador chegou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, em gesto visto como aproximação ao bolsonarismo, mas negou interesse no Planalto:

“Não sou candidato (à Presidência). Ao contrário de todas especulações, da crença generalizada, para mim, não faz sentido. Vou ficar (no governo de SP) e concorrer à reeleição.”

Apesar disso, sua atuação divide opiniões. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já manifestou incômodo com a performance considerada pouco incisiva. Além disso, partidos como PP e União Brasil rejeitam incluir no projeto de anistia dispositivos que permitam a volta de Bolsonaro às urnas.

O deputado Cláudio Cajado (PP-BA) resumiu o impasse:

“Não adianta ter anistia que não inclua a questão do Bolsonaro no 8 de janeiro. Mas o PL quer também acrescentar a condenação do TSE, o que tem reações de pessoas que não querem. Aí reside o problema maior.”

Divisão entre partidos e resistência do governo

Nos bastidores, nomes como Ciro Nogueira, Antonio Rueda, Marcos Pereira (Republicanos) e Gilberto Kassab (PSD) defendem uma candidatura de direita sem Bolsonaro e sua família. Já o PL insiste em uma anistia ampla, incluindo também a condenação eleitoral.

A escolha do relator da proposta no Congresso tornou-se mais um ponto de disputa: aliados de Bolsonaro querem alguém identificado com o bolsonarismo, enquanto setores do Centrão trabalham por nomes mais moderados.

O governo federal, por sua vez, articula para barrar a anistia. Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, disse:

“O governo está olhando partido por partido. Seria uma provocação meio infantil depois de o Supremo dizer que é inconstitucional. Esse desespero é só da base bolsonarista. Não acredito que uma parcela grande desses partidos de centro entre em uma aventura como essa.”

A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) reuniu ministros do Centrão para reforçar a mobilização contra a votação. Além disso, o Planalto tenta pautar medidas econômicas, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, em contraponto à agenda da oposição.

Cenário antecipado para 2026

A disputa pela anistia e pela sucessão de Jair Bolsonaro expõe a antecipação da campanha presidencial de 2026. Enquanto uma ala do Centrão trabalha para consolidar Tarcísio de Freitas como alternativa viável, o PL insiste em manter o protagonismo do ex-presidente e sua família.

Nesse embate, a direita brasileira entra em um novo ciclo de negociações, dividido entre fidelidade ao bolsonarismo e a busca por um candidato competitivo fora do núcleo familiar de Jair Bolsonaro.

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