HOME > Brasília

Governo Lula avalia estratégias para derrubar anistia no voto

Com pressão da oposição, parlamentares já calculam votos para barrar anistia aos golpistas

Plenário da Câmara dos Deputados (Foto: Jonas Pereira/Agência Senado)

247 - Integrantes do governo federal admitem pela primeira vez a possibilidade de o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro ser levado ao plenário da Câmara dos Deputados. A informação foi revelada pelo Metrópoles, que ouviu aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (12), um dia após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. A estratégia da base aliada é derrotar a proposta diretamente na votação, encerrando o debate antes da corrida eleitoral de 2026.

O tema ganhou força na semana passada, após o início da fase final do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve em Brasília articulando apoios para a proposta, mas encontrou resistência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que até então evitava pautar o projeto. Agora, após a condenação de Bolsonaro, o deputado deverá enfrentar nova pressão do centrão e da oposição bolsonarista, que exige a votação da urgência já na próxima semana.

Disputa sobre o alcance da anistia

Entre as forças políticas, há divergências claras sobre o formato da anistia. O centrão defende que a proposta seja restrita, de modo a encerrar o tema sem prolongar a crise. Já os parlamentares mais alinhados ao bolsonarismo pressionam por uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. O governo, por sua vez, tem feito simulações de votação e contabilizado votos para tentar derrubar o projeto no plenário, apostando em uma vitória que encerre o assunto.

Nos bastidores, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem reunido líderes da base em diferentes ocasiões para articular resistência. A condução do tema, no entanto, foi colocada em segundo plano até a conclusão do julgamento no STF, que condenou Bolsonaro e elevou a tensão política.

O peso político de Tarcísio

Tarcísio de Freitas se consolidou como um dos principais articuladores da anistia no Congresso. Sua atuação tem incomodado o Planalto, já que ele conseguiu atrair apoio de partidos da própria base governista. Para a maioria do centrão, Tarcísio já desponta como o principal candidato da direita à Presidência em 2026, especialmente diante da inelegibilidade de Bolsonaro. Uma ala bolsonarista, no entanto, ainda insiste que o ex-presidente permanece como nome viável, mesmo com a condenação e a impossibilidade jurídica de disputar eleições.

Resistência no Senado

Enquanto a oposição acredita ter maioria para aprovar a anistia na Câmara, o cenário no Senado é bem diferente. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem se posicionado contra qualquer proposta que beneficie Bolsonaro. Além disso, estuda a possibilidade de apresentar um texto alternativo que trate apenas da redução de penas para os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...