Braga Netto chega ao STF para acareação com mauro Cid em ação sobre trama golpista
Ex-ministro da Justiça Anderson Torres também fará acareação com o general da reserva Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
247 - O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza nesta terça-feira (25) duas acareações entre figuras centrais da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres confrontarão, respectivamente, o tenente-coronel Mauro Cid e o general da reserva Marco Antônio Freire Gomes, em sessões fechadas conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, com a participação do procurador-geral da República, Paulo Gonet. As informações são do jornal O Globo.
A primeira acareação está marcada para às 10h, quando Braga Netto ficará frente a frente com Mauro Cid, que o implicou em sua delação premiada. Uma hora depois, Torres confrontará Freire Gomes, ex-comandante do Exército. Ambas as diligências foram solicitadas pelas defesas de Braga Netto e Torres para esclarecer divergências nos relatos prestados durante as investigações.
Segundo a defesa de Braga Netto, duas inconsistências centrais motivam a acareação com Mauro Cid: a primeira diz respeito a uma reunião realizada na casa do general em novembro de 2022. Cid afirma que os presentes demonstraram descontentamento com o resultado das urnas e que deixou o local antes do encerramento do encontro. Braga Netto, no entanto, sustenta que o episódio foi apenas uma “visita de cortesia” e que Cid permaneceu durante todo o tempo.
A segunda controvérsia envolve uma suposta entrega de dinheiro feita por Braga Netto ao tenente-coronel para financiar o plano golpista. Conforme Cid, após a recusa do PL em repassar os recursos, o valor teria sido entregue diretamente por Braga Netto no Palácio da Alvorada — ora em uma sacola, ora em uma caixa de vinho, segundo diferentes versões prestadas por ele. O general nega veementemente a acusação.
Na segunda acareação, Anderson Torres será questionado sobre a presença em reuniões no Palácio da Alvorada em que, de acordo com Freire Gomes, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou medidas de exceção para reverter o resultado eleitoral. Torres nega ter participado desses encontros e afirma que os registros de entrada do Alvorada mostram que ele e Freire Gomes não estiveram juntos no local.
Outro ponto sensível envolve um documento encontrado na residência de Torres, que previa a decretação de estado de defesa. Em depoimento à Polícia Federal no ano passado, Freire Gomes declarou que o teor do documento foi discutido nas reuniões presidenciais. Já em seu interrogatório no STF, no mês passado, o general moderou a afirmação, dizendo que o conteúdo era “semelhante”.
As acareações ocorrerão em uma sala de audiência do STF localizada em um dos anexos da Corte, sem acesso ao público. O Código de Processo Penal prevê esse tipo de procedimento quando há contradições relevantes entre versões apresentadas por testemunhas e investigados.
Preso preventivamente desde dezembro de 2024, Braga Netto foi autorizado a deixar a unidade militar onde está detido no Rio de Janeiro para participar presencialmente da acareação. Já Freire Gomes, que mora em Fortaleza, inicialmente solicitou participar por videoconferência, mas acabou desistindo e comparecerá ao STF.
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