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Bolsonaro pede trégua entre Eduardo e Valdemar, temendo rumos do PL em 2026

Jair Bolsonaro tenta preservar articulações por anistia e garantir familiar na chapa presidencial do PL nas eleições do ano que vem

Eduardo Bolsonaro e Valdemar Costa Neto (Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados | Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

247 - Nas últimas semanas, aliados que visitaram Jair Bolsonaro (PL) em sua prisão domiciliar em Brasília relataram um pedido recorrente: convencer o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a reduzir os ataques nas redes sociais. O receio de Bolsonaro não estaria diretamente ligado à polêmica sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, mas sim ao impacto das investidas virtuais contra Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, figura central nas negociações políticas da direita.

Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, Bolsonaro, às vésperas de iniciar o cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses por envolvimento na trama golpista, busca preservar sua aliança com Valdemar. O objetivo é não comprometer a articulação em torno de uma possível anistia no Congresso e a formação de uma chapa presidencial competitiva em 2026, que pode incluir um membro da família Bolsonaro.

Choque público entre Valdemar e Eduardo

O clima de tensão escalou após Valdemar declarar à Folha de S. Paulo que, caso Eduardo insistisse em disputar a Presidência em 2026 sem aval do pai, “iria matar seu pai”. A frase gerou forte reação do deputado, que classificou a fala como “canalhice” em entrevista à colunista Bela Megale, do Globo, cobrando retratação. O dirigente do PL respondeu de forma ainda mais dura:

“Canalhice é xingar o próprio pai e pensar que tem votos. Os votos são do seu pai, não seus. Mas, se o seu pai te escolher, vai ter o apoio do partido. Diferente de você, respeito muito seu pai”.

Nos bastidores, Valdemar atribui a insatisfação de Eduardo a disputas financeiras, afirmando que o parlamentar reclama da desigualdade na distribuição de verbas entre ele e Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher. Um aliado próximo do dirigente resumiu:

“O que ele quer que a gente faça? Fique mandando dinheiro para ele lá nos Estados Unidos? Michelle é presidente do PL Mulher e o partido tem cotas para gastar com candidaturas femininas”.

Acusações e contranarrativas

Eduardo Bolsonaro, que vive nos Estados Unidos desde o início do ano, rebate a versão da cúpula do partido. Seus aliados afirmam que, após a vitória de Donald Trump à Presidência norte-americana, ele foi nomeado secretário de Relações Institucionais e Internacionais do PL, com promessa de estrutura para atuação internacional, mas que o compromisso não teria sido cumprido.

Bolsonaro, proibido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de manter contato com o filho desde julho, teria solicitado a interlocutores que transmitissem a Eduardo um apelo por trégua com Valdemar. Ainda assim, o deputado segue desafiando. Em resposta recente nas redes sociais, escreveu:

“Não abdiquei de tudo para trocar afagos mentirosos com víboras. Não lutei contra tiranos insanos para me sujeitar aos esquemas espúrios dos batedores de carteira da ocasião. Esse é o momento para resgatarmos a direita, não para a enfiarmos nas mãos sujas do aproveitador de ocasião”.

Disputa interna na direita

As faíscas entre Eduardo e Valdemar não são novidade. Em agosto, vieram à tona queixas do deputado sobre a falta de apoio do PL durante sua campanha por sanções contra autoridades brasileiras, movimento que acabou rendendo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Além do embate com Valdemar, Eduardo mantém atrito com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Mensagens de WhatsApp reveladas pela Polícia Federal expuseram a visão crítica do deputado sobre o governador, apontado por parte da direita como alternativa presidencial em 2026. “Só para te deixar ciente: Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo você se foder e se aquecendo para 2026”, escreveu Eduardo ao pai.

Cenário incerto para 2026

Com Eduardo desafiando apelos do pai e Valdemar reagindo de forma contundente, o cenário político da direita segue marcado por desconfiança e disputas internas. Mesmo sob pressão judicial e afastado do debate direto, Jair Bolsonaro busca preservar a unidade no PL para manter viva a possibilidade de uma chapa competitiva em 2026.

A resistência de Eduardo, porém, indica que a tentativa de pacificação enfrenta obstáculos significativos dentro da própria base bolsonarista.

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