Após Trump elogiar Lula, PL tenta conter ações de Eduardo Bolsonaro nos EUA
Partido teme que articulações por sanções articuladas por Eduardo Bolsonaro fortaleçam Lula e aumentem isolamento da direita
247 - Dirigentes do PL pretendem pedir ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que reduza suas articulações nos Estados Unidos em defesa de novas sanções contra o Brasil. A avaliação é de que a estratégia, até aqui, tem gerado mais prejuízos do que ganhos. Segundo a coluna da jornalista Débora Bergamasco, da CNN Brasil, líderes partidários próximos a Jair Bolsonaro (PL) planejam encontros com Eduardo nos próximos dias para tentar convencê-lo a recuar. O temor cresceu após a aplicação da Lei Magnitsky contra Viviane Barci, advogada e esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Tensão interna no PL após sanções dos EUA
A decisão estadunidense provocou forte reação em Brasília. Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, chegou a ser chamado às pressas ao STF após o episódio, diante do risco de ruptura no diálogo institucional. Entre os integrantes do partido, o consenso é de que a ofensiva internacional não rendeu resultados práticos. Pelo contrário, teria fortalecido o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que explora o tema da soberania nacional frente à pressão dos EUA.
Valdemar e a tentativa de preservar diálogo com o STF
Valdemar percebeu que a nova sanção implodiu qualquer possibilidade de negociação imediata com o Supremo. Ainda de acordo com a reportagem, a cúpula do PL passou a avaliar que o movimento de Eduardo e aliados é um “tiro no pé”, ampliando o desgaste da direita e dificultando a recomposição política no Congresso.
Bolsonaro e aliados divergem sobre ofensiva internacional
Até mesmo Jair Bolsonaro teria expressado preocupação com os efeitos da estratégia no exterior. A percepção é de que o aumento da popularidade de Lula enfraquece o campo bolsonarista.
A inquietação ganhou força após o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na ONU. Trump elogiou Lula e destacou a “boa química” com o petista, gesto que causou apreensão entre bolsonaristas sobre o futuro do apoio internacional.
O papel de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo
Apesar das pressões, Eduardo Bolsonaro e o influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo não demonstram disposição de recuar da articulação junto a integrantes do governo Trump visando interferir no resultado do julgamento do ex-mandatário. Jair Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma do STF a cumprir uma pena de 27 anos e três de prisão por planejar um golpe de Estado após sua derrota eleitoral no pleito presidencial de 2022.
“Quem quiser, venha conosco, quem não quiser, pode tomar o rumo que achar necessário. A pressão vai aumentar. Os ministros ainda não sentiram a extensão dos efeitos [das sanções]. Virão mais nomes. Outras medidas, outros países. A gente não deve lealdade ou obediência a ninguém no Brasil”, disse Figueiredo à CNN Brasil.
Questionado sobre a insatisfação de Jair Bolsonaro, Figueiredo afirmou que “não chegou esse recado, mas também não estamos muito preocupados com o contentamento ou descontentamento do Bolsonaro. A opinião dele sobre estratégia é tão relevante quanto a minha opinião sobre física quântica. É até pior. Se ele soubesse algo de estratégia, não estaria onde está”.