Vice-presidente do STF, Moraes será interlocutor da Corte com Executivo e Legislativo
Visto pela extrema-direita como inimigo, Moraes ganha ainda mais estatura e poder no STF ao assumir a vice-presidência e a interlocução política
247 - A posse do ministro Edson Fachin como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para segunda-feira (29), foi recebida como um revés entre parlamentares ligados ao bolsonarismo. O grupo articulava aproximação com o novo chefe do tribunal, mas encontrou resistência. Segundo Bela Megale, do jornal O Globo, o magistrado sinalizou que será Alexandre de Moraes, agora vice-presidente da Corte, o responsável pela interlocução política.
Discreto e avesso a relações frequentes com lideranças partidárias, Fachin nunca se notabilizou por integrar articulações políticas dentro ou fora do Judiciário. Ministros próximos acreditam que sua gestão seguirá marcada pela defesa firme da instituição e de seus integrantes, em meio às pressões crescentes sobre o Supremo, potencializadas por movimentações internacionais do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SO) em busca de anistia aos golpistas.
Histórico de enfrentamento no TSE
A avaliação de colegas do tribunal é de que Fachin deve repetir a postura de firmeza demonstrada no período em que comandou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022. Na ocasião, enfrentou de forma técnica e contundente as investidas de Jair Bolsonaro (PL) para implantar o voto impresso e questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas. Foi também durante sua gestão no TSE que o magistrado deu início a iniciativas estruturadas para combater a disseminação de notícias falsas no processo eleitoral.
Novo ciclo no Judiciário
Com mandato previsto para o biênio 2025-2027, Fachin sucede Luís Roberto Barroso, que presidiu sua última sessão no comando do STF na quinta-feira (25). A escolha tanto de Fachin quanto de Moraes para os cargos de presidente e vice-presidente ocorreu de maneira simbólica em 13 de agosto, seguindo a tradição de rodízio por antiguidade entre os ministros.
A transição marca o início de uma nova fase no Supremo, em que Fachin tende a manter discrição e foco institucional, enquanto Moraes assume protagonismo no relacionamento político, consolidando-se como a principal voz de interlocução entre a Corte e o Congresso.
