Barroso diz que STF pode reagir a sanções dos EUA
STF deve decidir sobre resposta aos EUA apenas após a conclusão dos recursos no processo contra Jair Bolsonaro
247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira (25) que a Corte deve avaliar uma eventual reação às sanções impostas pelos Estados Unidos somente após a conclusão dos recursos no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma organização criminosa que atentou contra a democracia. As informações são do g1.
Em conversa com jornalistas, Barroso também declarou que parte dos presos por atos golpistas não busca a pacificação nacional. Sem citar nomes, o ministro disse que há detidos que “não querem a pacificação do país”.
Crise com os Estados Unidos
As sanções americanas incluem a suspensão de vistos de oito ministros do STF e bloqueios financeiros contra o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação contra Bolsonaro. Barroso defendeu que o Brasil busque solução diplomática antes de qualquer medida judicial.
“Acho que a ideia prevalecente aqui é esperar acabar o julgamento para pensar em qualquer eventual medida, seja política, seja até mesmo judicial”, afirmou. Segundo ele, ministros têm conversado com interlocutores dos EUA e dado entrevistas para rebater a narrativa de que o Brasil vive sob “ditadura judicial”.
Lula e Trump podem dialogar sobre a crise
Barroso revelou ter se reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disse estar cauteloso, mas otimista com a possibilidade de uma negociação direta com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a Assembleia-Geral da ONU. “O presidente [Lula] me pareceu otimista. Otimista e cauteloso. Mas me pareceu otimista, acho que sim, talvez se tenha aberto uma janela de negociação”, destacou Barroso.
“Ditadura judicial é falsificação da verdade”
O ex-presidente do STF criticou duramente a ideia de que o Brasil vive sob uma ditadura. “Uma coisa é você apoiar o ex-presidente. Outra coisa é discordar de uma decisão do ministro Alexandre. Outra coisa é dizer que no Brasil tem uma ditadura. Então, dizer que no Brasil existe uma ditadura judicial, eu acho que é uma falsificação da verdade”, disse o magistrado, de acordo com a reportagem. Barroso afirmou que discordâncias fazem parte da democracia e que críticas constantes ao STF, ao governo e ao Congresso são provas disso.
Caminho para pacificação
Para Barroso, a conclusão do julgamento sobre a tentativa de golpe tem caráter pedagógico e será essencial para estabilizar a democracia brasileira. Ele reconheceu, no entanto, que parte dos réus insiste em manter o conflito.
“Os julgamentos do 8 de janeiro, o volume que foi, que demorou, e o julgamento do golpe dificultaram muito criar esse ambiente de total pacificação, porque quem teme ser preso está querendo briga, e não pacificação. Eu diria que a minha única frustração foi não ter conseguido fazer a pacificação”, concluiu.