Barroso defende julgamento da trama golpista no STF: 'exemplo para o mundo'
Presidente do STF afirma que condenações se basearam em provas e critica sanções impostas pelos EUA
247 - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu nesta quarta-feira (17) a legitimidade do julgamento que condenou Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados pela tentativa de golpe de Estado. Segundo o jornal O Globo, Barroso também criticou as sanções anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, que considerou as condenações motivadas por perseguição política.
“Não existe caça às bruxas”
Ao abrir a sessão, Barroso reforçou que o processo foi baseado em provas sólidas e acessíveis ao público. “Não existe caça às bruxas ou perseguições políticas. Tudo o que foi feito baseou-se em provas, evidências exibidas publicamente”, afirmou o ministro.
Provas e o “Punhal Verde e Amarelo”
Entre os elementos decisivos, o magistrado citou o documento chamado Punhal Verde e Amarelo, elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes. O texto previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes antes da posse.
Barroso ironizou a justificativa do militar, que classificou o plano como um “pensamento digitalizado”. “Houve prova documentada da existência de um plano para assassinar o presidente eleito, o vice-presidente e um ministro do Supremo. Prova documental e confissão. Está certo, era um ‘pensamento digitalizado’. Mas existiu e foi impresso diversas vezes”, declarou.
Condenações e impacto internacional
O julgamento terminou com a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, além das sentenças aplicadas a outros sete réus. O resultado foi de quatro votos a um e ainda cabe recurso.
Para Barroso, a decisão simbolizou a força da democracia brasileira. “Acho mesmo que nós demos um bom exemplo para o mundo, inclusive de pluralismo e de diferentes visões de mundo”, afirmou o presidente do STF.
A reação dos Estados Unidos, porém, trouxe tensão diplomática. Barroso reafirmou que o tribunal atuou de forma independente, com base em provas e confissões, afastando qualquer acusação de perseguição.