TV 247 logo
      HOME > Brasil Sustentável

      Na Flip, Marina Silva destaca a arte como aliada da proteção ambiental

      Ministra reforçou o papel dos defensores ambientais, da literatura e da persistência política em painéis sobre floresta e urgência climática

      Marina Silva (Foto: Johanna Nublat/MMA)
      Guilherme Levorato avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - Durante participação na 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), realizada na última sexta-feira (1º), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez uma defesa contundente dos ativistas ambientais e destacou a importância da arte, da política e da literatura como instrumentos de transformação e resistência. 

      Em um dos principais painéis do evento, intitulado "O lugar da floresta", Marina argumentou que a sociedade deve trabalhar para transformar ações heroicas em práticas comuns. “A gente tem que trabalhar muito para não ter heróis. Os heróis são uma denúncia contra nós. O herói só é uma pessoa extraordinária porque a gente não faz da causa que ele transforma em extraordinária uma ação ordinária. Quando todo mundo for um ativista do clima, da floresta, da biodiversidade, não precisa mais ter herói”, afirmou a ministra.

      Durante o mesmo painel, Marina recebeu das mãos de Alessandra Sampaio, viúva do jornalista britânico Dom Phillips, o livro póstumo com a investigação conduzida por Phillips antes de seu assassinato em 2022, ao lado do indigenista Bruno Pereira, no Vale do Javari (AM). A homenagem reforçou a urgência de proteger defensores ambientais.

      Acordo de Escazú e multilateralismo climático - Marina Silva aproveitou a ocasião para pressionar o Congresso Nacional a ratificar o Acordo de Escazú, assinado pelo Brasil em 2018 e reenviado ao Legislativo em 2023. O tratado, inédito nas Américas e no Caribe, estabelece diretrizes para a transparência e a governança ambiental, com foco especial na segurança de defensores do meio ambiente.

      A ministra também destacou os desafios para a efetivação de políticas climáticas e apontou o desequilíbrio nos investimentos globais. “Não são US$ 100 bilhões ou US$ 300 bilhões. É US$ 1,3 trilhão. Não conseguimos chegar a US$ 1,3 trilhão, mas o mundo continua investindo, direta e indiretamente, em atividades fósseis, entre US$ 5 a 7 trilhões. É uma luta muito desigual".

      Segundo ela, será necessário um grande esforço global para garantir que os compromissos climáticos assumidos nos últimos anos sejam implementados até a COP30, que será realizada em 2025 em Belém (PA). “Para que isso aconteça, é preciso fazer investimentos. É necessário que se tenha financiamento, público e privado. Mas o financiamento público dos países precisa liderar pelo exemplo, alavancar".

      “Política é insistência”, diz Marina - Durante sua fala, a ministra citou pensadores como Hannah Arendt e Alain Didier-Weill para ilustrar sua visão sobre o fazer político. “A vida é insistência, como diz Hannah Arendt. A gente, ainda que morra, não nasceu para morrer, a gente nasceu para começar. Alain Didier-Weill dizia que o inconsciente é insistência. E a gente tem que insistir. Política é insistência".

      Ao ser questionada se seria otimista ou pessimista diante dos desafios ambientais e políticos, respondeu com firmeza: “Sou persistente. A arte é persistência. A vida é persistência, é insistência".

      Literatura como força vital e política - Em um painel mediado pela jornalista Aline Midlej, Marina Silva relatou sua relação com a literatura, reforçando como a oralidade e a cultura popular moldaram sua formação. “Fui analfabeta até os 16 anos, mas eu era PHD em saber narrativo”, disse ela, lembrando das histórias de cordel contadas por sua avó, que memorizava os textos e os interpretava para a neta.

      Diálogo com comunidades tradicionais - No sábado (2), a ministra esteve no Quilombo do Campinho, em Paraty (RJ), onde se reuniu com representantes do Fórum de Comunidades Tradicionais, formado por indígenas, caiçaras e quilombolas da região sul fluminense e norte paulista. Criado em 2007, o fórum atua em temas como território, cultura, pesca, agricultura, educação e economia solidária.

      O grupo integra o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), órgão do Ministério do Meio Ambiente, e participa da construção do Plano Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, contribuindo com propostas de políticas públicas para populações historicamente marginalizadas.

      Antes do encontro, Marina também participou do painel “Notas de Rodapé: Reflexões sobre a Urgência Climática”, na Caixa de História, ao lado dos escritores Itamar Vieira Jr. e Ana Rüsche, aprofundando a conexão entre literatura e ativismo climático.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...