Venezuela mobiliza tropas para áreas estratégicas após ofensiva dos EUA
Governo Maduro reage à presença de navios de guerra dos EUA perto da costa venezuelana e mobilizou tropas para áreas como aeroportos e regiões costeiras
247 - A Venezuela anunciou nesta quarta-feira (8) a mobilização de tropas em áreas estratégicas do país, incluindo aeroportos e regiões costeiras, como resposta às manobras militares ordenadas pelos Estados Unidos no Caribe. A mobilização ocorre após o governo do presidente Donald Trump enviar oito navios de guerra e um submarino nuclear para o sul do Caribe, próximo à costa venezuelana, sob a justificativa de combater o narcotráfico.
Exercício militar “Independência 200”
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, acompanhou a movimentação de forças no Aeroporto Internacional de Maiquetía, em La Guaira, que atende Caracas. Segundo ele, tropas também foram posicionadas em portos, alfândegas e unidades militares.
Em mensagem publicada no Telegram, o presidente Nicolás Maduro destacou que “começou o exercício Independência 200, de ativação integral de todos os planos de defesa e ofensiva permanente nas zonas La Guaira e Carabobo”.
As manobras em La Guaira contam com drones, vigilância eletrônica e participação da milícia formada por civis. Em Carabobo, ocorrem no Forte Paramacay, em Valência, e se estendem pela avenida Universidad, uma das principais da cidade.
Ofensiva dos EUA no Caribe
Nas últimas semanas, os Estados Unidos realizaram quatro ataques a embarcações venezuelanas, alegando um suposto envolvimento com o narcotráfico. Os ataques deixaram ao menos 21 mortos. Caracas denuncia os bombardeios como “ameaça” e tentativa de “mudança de regime”. Donald Trump declarou que as operações têm sido tão eficazes que “não há mais barcos” na região próxima à Venezuela.
Expansão da mobilização
A Venezuela já havia ativado a operação Catatumbo, em Zulia, região fronteiriça com a Colômbia, envolvendo 25 mil soldados. Outras mobilizações também foram registradas em Caracas, Falcón, Sucre, Nueva Esparta e na ilha La Orchila, no Caribe. O governo estuda decretar estado de emergência externa, medida que daria poderes especiais a Maduro e permitiria restrições temporárias a direitos constitucionais.
Último ataque dos EUA
Na sexta-feira (4), militares americanos bombardearam uma embarcação que, segundo o secretário de Defesa, Pete Hegseth, transportava drogas. A ação foi ordenada por Donald Trump e ocorreu em águas internacionais próximas à costa da Venezuela.
“Esses ataques continuarão até que os ataques ao povo americano acabem!”, escreveu Hegseth no X (antigo Twitter). Ele divulgou um vídeo mostrando a destruição do barco, afirmando que a inteligência confirmou tratar-se de “narcoterroristas”. Trump, por sua vez, declarou que a embarcação transportava “drogas suficientes para matar de 25 mil a 50 mil pessoas”, ainda que nenhuma prova tenha sido apresentada.