Venezuela responde aos EUA e mobiliza Forças Armadas
A ação é uma resposta à operação militar dos Estados Unidos, que sobrevoou a costa do país com pelo menos cinco caças da Força Aérea estadunidense
Brasil de Fato - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira (2) que a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e a Milícia Bolivariana vão realizar exercícios militares neste sábado (4) para fortalecer os mecanismos de defesa territorial do país.
A ação é uma resposta à operação militar dos Estados Unidos, que sobrevoou a costa do país com pelo menos cinco caças da Força Aérea estadunidense, nesta quinta-feira (2). O exercício, no entanto, é “organizacional” e de “verificação”, e não envolverá a movimentação de contingentes armados. O objetivo é aprimorar os mecanismos de comando, gestão e comunicação do sistema de defesa nacional.
A operação vai movimentar as estruturas nacionais e regionais da Força Armada Nacional Bolivariana, incluindo as Áreas de Defesa Abrangente (ADI), as Unidades de Milícias Comunitárias (UCM) e as Bases de Defesa Abrangente Popular (BPDI).
Caças estadunidenses
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, denunciou nesta quinta-feira (2) que o país detectou caças dos Estados Unidos sobrevoando a área de costa do país. “É uma provocação que ameaça a soberania nacional e viola as normas do direito internacional e a Convenção de Chicago sobre Aviação Civil Internacional”, afirmou Gil.
Os Ministérios do Poder Popular para a Defesa e Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela emitiram comunicado conjunto em que denunciam a incursão ilegal de aeronaves de combate dos Estados Unidos a apenas 75 quilômetros da costa do país, perto da cidade de Maiquetía.
O governo bolivariano exige que o secretário de Guerra dos EUA, Peter Hegseth, cesse imediatamente o que considera uma postura “imprudente e aventureira, que visa minar a zona de paz na América Latina e no Caribe”. “Essas ações colocam em risco a estabilidade regional e violam o direito internacional”, complementa o comunicado.
A Venezuela também informou que vai apresentar denúncias ao secretário-geral das Nações Unidas, ao Conselho de Segurança da ONU, à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), para que os órgão imponham resoluções para evitar que situações semelhantes se repitam.
“O imperialismo estadunidense ousou se aproximar das costas venezuelanas. Estamos vendo eles. Não nos intimida a presença desses vetores. Denuncio diante do mundo essa situação que não deixa de ser uma provocação. A Venezuela não aceitará intimidação ou agressão estrangeira e exercerá plenamente seu direito de defender a soberania nacional”, disse o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, em comunicado televisivo, nesta quinta-feira.
Há cerca de um mês, o governo de Donald Trump enviou dez caças para monitorar a região do Caribe, além de vários navios de guerra, com a alegação de realizar operações contra o tráfico de drogas.
O ministro da Defesa venezuelano informou que foram detectadas, pelo menos, cinco aeronaves de combate dos EUA operando perto da costa venezuelana.
Segundo Padrino, esse tipo de incursão busca “impor força, coerção e extorsão por meio de ameaças militares, contrariando os princípios de paz e respeito reconhecidos pelos organismos multilaterais”.
Apoio internacional
O governo de Cuba manifestou apoio à Venezuela e acusou os Estados Unidos de colocar em risco a paz na região do Caribe, ao levar seus caças para a costa da Venezuela.
“Denunciamos a incursão ilegal de caças americanos na região de informações de voo da Venezuela. Alertamos que essas ações constituem uma ameaça à paz, à segurança e à estabilidade regionais. A América Latina e o Caribe são uma Zona de Paz”, escreveu o chanceler cubano em sua conta no X.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba destacou que os EUA estão intensificando ações que buscam justificar a agressão militar contra a Venezuela.
“O extraordinário acúmulo de ativos militares no Caribe Meridional, as recentes incursões ilegais de aeronaves de combate dos EUA em uma Região de Informação de Voo da Venezuela, a destruição repetida de embarcações civis e o assassinato de suas tripulações, e o anúncio de que ações militares dessa natureza seriam transferidas para zonas terrestres, são complementados pela notificação de que os Estados Unidos estariam em um conflito armado não internacional contra combatentes ilegais.”
No final de setembro, com o aumento das ameaças dos Estados Unidos contra a Venezuela, o presidente Nicolás Maduro deixou pronto um decreto de “estado de comoção exterior“.
A medida está no artigo 338 da Carta Magna venezuelana de 1999. A ferramenta é um dos estados de exceção que pode ser usada pelo presidente em um Conselho de Ministros. A ideia é derrubar barreiras legais e facilitar a aplicação de medidas que ajudem o governo em manobras econômicas e políticas para garantir a defesa do território.
Além disso, o governo venezuelano já vinha mobilizando organizações populares e as Forças Armadas para a defesa do território e da soberania.
*Com informações da Telesur