Venezuela alerta EUA sobre ameaça extremista a embaixada em Caracas
Governo afirma ter identificado ‘plano extremista’ e reforça segurança na representação diplomática estadunidense
247 -A Venezuela informou nesta segunda-feira (6) ter descoberto um plano de “extremistas” para colocar explosivos na embaixada dos Estados Unidos em Caracas. O anúncio surge em meio à crescente tensão entre os dois países, intensificada pela presença militar americana no Caribe.
De acordo com a RFI, o alerta foi feito por Jorge Rodríguez, chefe da delegação venezuelana para o diálogo com Washington e presidente do Parlamento. Segundo ele, o governo enviou a notificação “por três vias distintas” às autoridades norte-americanas, descrevendo a situação como uma “grave ameaça”.
“Mediante uma operação de falsa bandeira preparada por setores extremistas da direita local, tentou-se colocar explosivos letais na embaixada dos EUA. (...) Reforçamos as medidas de segurança em tal sede diplomática, que nosso governo respeita e protege”, declarou Rodríguez.
Relações diplomáticas rompidas e novas tensões
As relações entre Caracas e Washington estão rompidas desde 2019, quando os Estados Unidos se recusaram a reconhecer a primeira reeleição de Nicolás Maduro. Desde então, a embaixada estadunidense na capital venezuelana opera apenas com uma equipe reduzida.
Rodríguez afirmou ainda que o aviso foi encaminhado a uma embaixada europeia, não identificada, para reforçar a comunicação com o governo dos EUA. Ele acrescentou que o país enfrenta tentativas da oposição de “gerar violência e instabilidade política”.
Boatos sobre María Corina Machado e impasse eleitoral
Nas redes sociais, circularam rumores de que a líder opositora María Corina Machado, que está foragida desde as eleições de julho de 2024, estaria escondida na embaixada dos Estados Unidos. A reportagem não conseguiu confirmar a informação, que também não foi validada por autoridades venezuelanas nem estadunidenses. A oposição, liderada por Machado, reivindica a vitória nas eleições presidenciais de 2024, resultado que os Estados Unidos também não reconheceram.
EUA mobilizam forças militares no Caribe
No final de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou oito embarcações militares e um submarino nuclear ao sul do Caribe, alegando combate ao tráfico de drogas. Desde então, Washington realizou cinco ataques contra embarcações suspeitas próximas à costa venezuelana, que resultaram em 21 mortes, segundo autoridades americanas.
Trump afirmou que as operações foram “tão bem-sucedidas” que “não há mais botes” naquela área. Caracas, por sua vez, denunciou o que considera um “cerco militar” e uma “ameaça direta” à sua soberania, acusando os EUA de buscar uma “mudança de governo”.
Resposta de Maduro e clima de mobilização
Em resposta à escalada de tensão, Nicolás Maduro ordenou a mobilização de milhares de soldados nas fronteiras e pediu que civis se alistassem para a defesa do país. O governo também convocou uma marcha em Caracas contra as “ameaças” americanas e iniciou exercícios militares nos estados litorâneos.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou que, nos últimos 45 dias, a Venezuela colocou em prática planos de defesa em resposta “à progressividade da agressão da ameaça militar” dos Estados Unidos.