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Nobel da Paz, Corina ligou para Netanyahu e apoiou ações de genocídio em Gaza

Líder opositora venezuelana, recém-premiada, elogiou as “ações decididas” de Israel

Maria Corina Machado (Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)

247 – A suposta defensora da paz e líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, premiada com o Nobel da Paz na semana passada, provocou indignação ao expressar apoio às ações de Israel na Faixa de Gaza — ofensiva denunciada pela ONU e por organizações de direitos humanos como genocida. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (17) pelo gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que atravessa crescente isolamento internacional por crimes de guerra. A notícia foi publicada originalmente pela CartaCapital.

Segundo a nota do governo israelense, Machado teria telefonado a Netanyahu para parabenizá-lo e manifestar “profundo agradecimento por suas decisões e ações firmes durante a guerra, assim como pelos êxitos de Israel”. A mensagem, divulgada na rede X, mostra o distanciamento de Machado dos princípios humanitários que supostamente norteiam o prêmio que acaba de receber.

Apoio à violência e contradições do discurso de “paz”

Durante o telefonema, a opositora venezuelana — que se apresenta como símbolo da democracia — elogiou o acordo para a libertação de reféns em Gaza, promovido pelos Estados Unidos, e afirmou que “os venezuelanos valorizam profundamente a paz e sabem que alcançá-la exige imensa coragem, força e clareza moral para nos opormos às forças totalitárias”. A declaração, entretanto, ignora o massacre de civis palestinos e as mais de 40 mil mortes contabilizadas desde o início da ofensiva de Israel em 2023.

Em suas redes sociais, Machado atacou o Irã, país aliado do governo de Nicolás Maduro, e acusou Teerã de apoiar “organizações terroristas como o Hamas, o Hezbollah e os huthis”. A postura, alinhada à retórica de Washington e Tel Aviv, reforça a contradição entre o discurso democrático da venezuelana e seu apoio a políticas que têm devastado a população civil de Gaza.

Netanyahu tenta se reerguer em meio à crise política

Do outro lado da linha, Benjamin Netanyahu, cada vez mais pressionado por denúncias de genocídio e por protestos dentro de Israel, aproveitou o contato com Machado para tentar legitimar sua imagem no cenário internacional. O gabinete israelense informou que o premiê “parabenizou Machado por seu Prêmio Nobel e elogiou suas ações em favor da democracia e da ampliação do círculo da paz mundial” — uma ironia, considerando o contexto de destruição que seu governo promove.

Enquanto Netanyahu busca apoio de figuras internacionais para disfarçar o isolamento político, governos como o da Colômbia têm denunciado a hipocrisia em torno do Nobel concedido à venezuelana. O presidente colombiano, Gustavo Petro, lembrou que Machado, em carta enviada a Netanyahu em 2018, chegou a pedir apoio para derrubar o governo de Maduro. “Pergunto a María Corina Machado se ela pode se afastar de Netanyahu e de seus amigos nazistas e se é capaz de ajudar a impedir uma invasão a seu país”, afirmou Petro.

Escalada militar e tensão regional

O governo de Nicolás Maduro denunciou recentemente ao Conselho de Segurança da ONU que os Estados Unidos estariam planejando “executar um ataque armado contra a Venezuela em um prazo muito curto”. A denúncia veio após o envio de forças militares norte-americanas ao sul do Mar do Caribe, sob o pretexto de combater o narcotráfico — operação apoiada por Machado, que agora se alinha abertamente à agenda de Netanyahu e de Washington.

A ligação entre a laureada com o Nobel e o primeiro-ministro israelense expõe a profunda contradição de um prêmio que deveria representar a defesa da vida e da dignidade humana, mas que, neste caso, foi associado à cumplicidade com uma das mais graves tragédias humanitárias do século XXI.

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