Líder indígena do Equador denuncia crise humanitária e repressão
Vice-presidente da Conaie cobra transparência do governo Noboa e justiça para vítimas de protestos
247 - A vice-presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Ercilia Castañeda, denunciou nesta terça-feira (21) uma grave crise humanitária vivida pelas comunidades indígenas em meio à repressão estatal durante os protestos no país. A dirigente discursou perante a Comissão Legislativa da Infância e da Adolescência, exigindo justiça e reparação integral às vítimas de violência.
Segundo informações divulgadas pela Prensa Latina, Castañeda cobrou a responsabilidade do Estado pelos danos causados aos menores de idade e às famílias afetadas. “A violência não pode ficar impune: o Estado deve ser responsabilizado pelos danos causados e garantir a verdade, a justiça e a reparação”, declarou.
A dirigente relatou que seis crianças ficaram órfãs após a morte de Efraín Fuerez e José Guamán, dois manifestantes atingidos por projéteis durante confrontos com a polícia na província de Imbabura, no norte do país. Além disso, três menores teriam sofrido asfixia por conta do uso de gás lacrimogêneo nas operações policiais.
Castañeda solicitou formalmente que o governo equatoriano garanta transparência nas investigações sobre as mortes e identifique a cadeia de comando responsável pelas ações das forças de segurança. “As nacionalidades e os povos são pessoas pacíficas, mas com grande dignidade. Quando há vontade, sempre há caminhos a seguir; no entanto, este governo não demonstrou disposição para dialogar”, criticou a vice-presidente da Conaie.
Enquanto isso, segue em Quito a audiência de apelação pela prisão preventiva de 12 indígenas detidos durante os protestos em Otavalo, acusados de terrorismo. A Conaie reiterou, em nota oficial, seu compromisso com um “diálogo verdadeiro” e pediu o fim da repressão estatal, alertando que não aceitará “conversas vazias ou condicionadas pela violência”.
A tensão se intensificou após o Executivo cancelar as negociações com as comunidades de Imbabura, alegando falta de condições para continuar o diálogo. Em entrevista ao canal Teleamazonas, a ministra do Governo, Zaida Rovira, acusou o presidente da Conaie, Marlon Vargas, de “usar a greve como plataforma política” e confirmou que as conversas não serão retomadas enquanto persistirem os bloqueios de estradas e as manifestações.
Os protestos começaram em 22 de setembro, após o presidente Daniel Noboa anunciar a eliminação do subsídio ao diesel, medida que provocou forte impacto econômico, sobretudo nas regiões indígenas e rurais. Imbabura se tornou o epicentro das mobilizações, onde as perdas econômicas e os apelos por mediação crescem a cada dia.


