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Indígenas equatorianos mantêm greve nacional e enfrentam militares

Em meio às greves, Quito está militarizada e violência se espalha pelo país com aparentes atentados

Protesto em comunidade indígena do Equador contra projeto de mineração - 16/09/2025 (Foto: Reuters/Maria Fernanda Garcia)

247 - A greve geral de indígenas equatorianos já completa mais de 20 dias de mobilização social em rejeição às medidas econômicas do governo de Daniel Noboa. Convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) em 22 de setembro passado, o movimento contesta a eliminação do subsídio ao diesel, o avanço de projetos vistos como antiambientais e o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). As informações são do canal TeleSur.

Os protestos ganharam contornos mais amplos e se espalharam pelo país andino, com especial tensão em comunidades como Imbabura e San Miguel del Colón, onde foram registrados atos de uso excessivo da força por parte das autoridades do governo Noboa, de extrema direita.

Segundo denúncias de meios de comunicação locais e centros comunitários citadas pela reportagem, os militares têm invadido com força desproporcional propriedades privadas em zonas rurais. A repressão se intensifica a cada dia, mas os manifestantes resistem com táticas inovadoras:

@PIAnoticias: #Nuestramérica #ParoNacionalEcuador Manifestantes removem paralelepípedos das ruas para bloquear a entrada norte da cidade de Otavalo. Estamos entrando na quarta semana da greve nacional por tempo indeterminado convocada pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie). A repressão se intensifica a cada dia e a greve continua.

Quito militarizada e violência generalizada

A capital Quito permanece completamente militarizada, diante da revolta de milhares de equatorianos, concentrados no centro histórico e em áreas periféricas. As palavras de ordem que ecoam nas ruas — “Fora Noboa, fora”, “Não somos terroristas” e “Ninguém vai nos calar”, segundo a TeleSur. 


Uma manifestante identificada como Guañuñ afirmou: “este governo veio com tantas mentiras para o povo, e para quê? Para nos enganar. E tanta gente que se deixou enganar por essas promessas que esse senhor fez. Eu queria que o governo dele fosse embora, vá embora daqui, volte para a terra dele, que é os Estados Unidos, que vá embora já e deixe o povo equatoriano em paz". 

Até o momento, foram registradas 121 detenções, incluindo menores de idade, segundo relatórios oficiais da Polícia Nacional. 

Enquanto isso, crescem os relatos de violência ao redor do país, com o governo alegando que neutralizou uma ameaça de explosivo em um veículo na madrugada desta quarta-feira (15). Momentos antes, uma explosão de carro na cidade de Guayaquil deixou uma pessoa morta e várias feridas.

Além disso, o Equador tem enfrentado uma onda de violência nas prisões nos últimos anos, com centenas de presos mortos.

Protestos antimineração

Pressionado pelos indígenas, o Equador revogou no início deste mês a licença ambiental concedida à empresa de mineração canadense DPM Metals para o desenvolvimento de um projeto de ouro na região de Loma Larga. A decisão segue a forte oposição de moradores e autoridades da província de Azuay, onde o projeto Loma Larga está localizado.  

Esperava-se que o projeto Loma Larga recebesse investimentos de US$ 419 milhões para uma produção média anual de cerca de 200.000 onças de ouro durante seus primeiros cinco anos de operação, de acordo com a DPM.

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