Polícia reprime estudantes no Equador em meio à greve nacional
Organizações sociais denunciam violência policial contra jovens em protestos contra as medidas do presidente Daniel Noboa
247 - Organizações sociais do Equador denunciaram na noite de quarta-feira (15) a repressão violenta contra estudantes da Universidade Central, em Quito, durante a greve nacional contra as medidas neoliberais do presidente Daniel Noboa, informa a Telesur.
A Fundação Regional de Aconselhamento em Direitos Humanos (Inredh) afirmou que há estudantes sitiados dentro da universidade e exigiu que as forças de segurança deixem o local. “Na Universidade Central, há repressão excessiva. Exigimos que as Forças Armadas e a polícia libertem os estudantes que estão sitiados na universidade”, declarou a organização.
Violações de direitos e perseguições
As organizações também relataram que a autonomia universitária está sendo violada, com brigadas médicas estudantis atingidas por disparos à queima-roupa. Estudantes e manifestantes, segundo os relatos, estão sendo perseguidos em diferentes pontos da capital. Além disso, dois alunos da Escola Mejía, identificados como Jaír del Castillo e Patricio Arciniega, foram presos durante um protesto pacífico na Praça Indoamérica.
Mobilizações nas comunidades
Em paralelo, várias comunidades se organizaram em marchas noturnas contra o governo. A correspondente da Telesur em Quito, Elena Rodríguez, relatou que moradores de San Miguel del Común, no norte da cidade, saíram às ruas com tochas, bandeiras e cânticos para manifestar apoio à greve convocada pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE).
“Nossa luta é pela dignidade do povo”, afirmaram os participantes, que também denunciaram o aumento no preço do diesel e a repressão policial em diversas províncias.
Mortes e exigências de justiça
A crise se intensificou após a morte de José Guamán, atingido por disparos durante a repressão em Imbabura. Mais de 50 pessoas das comunidades de Otavalo se reuniram em frente à delegacia de Criminalística para cobrar justiça, verdade e reparação pelo assassinato.
Enquanto isso, entidades como a União Nacional de Educadores (UNE), a Frente Unitária de Trabalhadores (FUT) e a Frente Popular reforçaram a mobilização nacional, pedindo a revogação do Decreto 126 e a decretação de estado de emergência nos setores de saúde e educação.
Resistência continua
Apesar da escalada da repressão, a CONAIE reafirmou sua posição de resistência. Em comunicado, a entidade declarou que “as resoluções adotadas ontem permanecem válidas. As declarações da delegação foram claras: nós continuamos a luta; eles estão simplesmente retornando às comunidades. Quaisquer novas decisões serão anunciadas oportunamente”.
As manifestações seguem em várias regiões do país, evidenciando a insatisfação popular diante das medidas econômicas do governo Noboa e a crescente tensão entre o Estado e os movimentos sociais.