Após ameaçar remover Maduro do poder, EUA envia frota militar para próximo da Venezuela
Destróieres, submarino e aviões espiões são deslocados sob pretexto de combate ao narcotráfico
247 - Os Estados Unidos avançam com o envio de três destróieres de mísseis guiados para a costa da Venezuela, em mais um movimento que aumenta a tensão militar na região. Segundo a Reuters, as embarcações — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson — devem chegar nas próximas 36 horas ao sul do Caribe.
Oficialmente, Washington sustenta que a operação faz parte de uma ofensiva contra cartéis latino-americanos classificados como “organizações terroristas globais”. De acordo com uma autoridade ouvida pela Reuters, o reforço militar incluirá também aviões de espionagem P-8, navios de guerra adicionais e ao menos um submarino de ataque, além da mobilização de cerca de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais.
Embora os EUA afirmem que as operações ocorrerão em águas e espaço aéreo internacionais, a mesma fonte admitiu que os recursos podem servir de plataforma de lançamento para ataques direcionados.
A escalada ocorre poucos dias depois de o governo Trump dobrar de 25 para 50 milhões de dólares a recompensa por informações que levem à captura do presidente venezuelano Nicolás Maduro, acusado por Washington de manter vínculos com grupos criminosos como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa.
Além da recompensa, Trump tem repetido publicamente que a permanência de Maduro no poder é “ilegítima”, ignorando o reconhecimento da vitória do líder chavista nas eleições de 2024 pelo Conselho Nacional Eleitoral e pelo Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela.
Na semana passada, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, classificou as ações de Washington como “atos de ingerência” e afirmou que as Forças Armadas estão em “alerta permanente” para dissuadir qualquer tentativa de violar o território.
Contexto regional
O envio da frota ocorre em meio à estratégia de Trump de transformar o suposto combate ao narcotráfico em bandeira política, vinculando-o também à agenda anti-imigração. Em fevereiro, os EUA já haviam classificado cartéis mexicanos e organizações venezuelanas como terroristas, o que abriu caminho para justificar ações militares extraterritoriais.
México e Venezuela têm reagido às medidas. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, reiterou recentemente que não permitirá tropas estrangeiras em solo nacional, enquanto Caracas denuncia uma campanha de desestabilização contra o governo bolivariano.