Ação autorizada por Trump na Venezuela pode incluir até assassinato presidencial
Autorização dada à CIA amplia poder para realizar ataques letais e operações de desestabilização que ameaçam a soberania latino-americana
247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta semana ter autorizado operações secretas da CIA na Venezuela, decisão que reacende a política de intervenções de Washington na América Latina e abre espaço para ações extremas — incluindo assassinatos políticos e sabotagens contra o governo de Nicolás Maduro. A informação foi publicada pela BBC News, com base em depoimentos de ex-agentes da agência de inteligência norte-americana.
De acordo com especialistas ouvidos pela emissora britânica, a chamada “descoberta presidencial” (presidential finding) concedida por Trump permite à CIA executar operações letais, espionagem, ataques com drones e ações clandestinas de desestabilização, sob o pretexto de “proteger os interesses de segurança nacional dos EUA”.
A autorização é rara e considerada grave, por se tratar de um aval direto da Casa Branca para atividades ilegais em território estrangeiro, que podem incluir o financiamento de grupos insurgentes, sabotagens econômicas e tentativas de eliminação física de líderes políticos.
Intervenção disfarçada de política externa
Pela legislação norte-americana, o presidente pode aprovar ações secretas quando as julgar “necessárias para apoiar objetivos identificáveis de política externa”. Na prática, essa brecha jurídica serve de justificativa para a ingerência nos assuntos internos de outros países.
A história da CIA está marcada por essas operações: golpes de Estado, assassinatos e manipulação política em países da América Latina, Ásia e Oriente Médio. Agora, sob Trump, a Venezuela volta a ser alvo direto de um projeto de “mudança de regime” que busca substituir o governo eleito de Maduro por uma administração submissa aos interesses de Washington.
O retorno da doutrina do golpe
De acordo com ex-agentes citados pela BBC, as operações já autorizadas poderiam envolver ataques seletivos contra autoridades venezuelanas, sabotagem de infraestrutura energética e apoio a grupos paramilitares.
A estratégia ecoa o padrão adotado pelos Estados Unidos em décadas passadas — como nos golpes da Guatemala (1954), Chile (1973) e nas invasões do Panamá (1989) e do Iraque (2003).
Especialistas alertam que o atual movimento faz parte de uma nova ofensiva imperial sobre a América do Sul, liderada por Trump e sustentada por governos alinhados à direita regional, como o de Javier Milei na Argentina.
Reação latino-americana e defesa da soberania
Líderes da região, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, têm alertado para os riscos de uma ação militar na Venezuela. Lula reiterou recentemente que qualquer ataque ao território venezuelano provocaria instabilidade em toda a América Latina e fortaleceria o crime organizado e o narcotráfico.
O governo brasileiro, junto de países como México, Colômbia e Chile, defende o diálogo e a via diplomática como únicas soluções legítimas para a crise venezuelana, em contraposição à política de força e intervenção estrangeira promovida por Washington.
“A América do Sul deve continuar sendo uma zona de paz e de soberania. Nenhum país tem o direito de impor pela violência o seu modelo político aos outros”, afirmou recentemente uma fonte diplomática brasileira.
A nova face do imperialismo
A autorização concedida à CIA confirma a tentativa dos EUA de restabelecer seu domínio militar e geopolítico sobre o continente, agora com o discurso de “combate ao narcotráfico” e “defesa da democracia”.
Na prática, porém, trata-se de um projeto de recolonização do continente, que ameaça diretamente as conquistas políticas, sociais e energéticas de países que resistem à hegemonia norte-americana.
Mesmo sob bloqueio e sanções, o governo de Nicolás Maduro mantém apoio popular e alianças estratégicas com Rússia, China e Irã, além de defender o fortalecimento da integração latino-americana como resposta ao avanço imperial.
Com a nova autorização de Trump, o continente revive o fantasma das operações clandestinas, assassinatos políticos e golpes patrocinados pelos Estados Unidos — um alerta de que, no século XXI, a luta pela soberania ainda passa por resistir ao intervencionismo disfarçado de diplomacia.