Zakharova denuncia que o Ocidente é o principal gerador de fake news em fórum internacional em Moscou
Porta-voz da chancelaria russa afirma que o mundo vive uma “pandemia de desinformação” e defendeu equilíbrio das “balanças da verdade”
247 - O terceiro fórum internacional “Dialog about Fakes 3.0”, realizado em 29 de outubro em Moscou, reuniu cerca de 4 mil participantes de mais de 80 países para discutir estratégias globais de combate à desinformação. O evento, promovido sob os auspícios da UNESCO, integrou o calendário oficial da Semana Global da Alfabetização Midiática e Informacional, sendo o único fórum russo com esse reconhecimento. As discussões foram transmitidas em russo, inglês e espanhol.
Entre os presentes estavam especialistas em checagem de fatos, representantes de governos, organizações internacionais, meios de comunicação e comunidades científicas e tecnológicas, todos empenhados em enfrentar os desafios das fake news, da inteligência artificial generativa e dos deepfakes.
Zakharova: "Vivemos uma pandemia de fake news"
Em um dos momentos mais marcantes do fórum, Maria Zakharova, porta-voz oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, criticou duramente a manipulação de informações pelo Ocidente.
“O mundo ocidental continua sendo o principal gerador de notícias falsas, inventando provocações e bloqueando qualquer dissidência na mídia, impedindo jornalistas e investigadores de expressar diferentes pontos de vista”, declarou Zakharova.
A diplomata alertou para o que chamou de “epidemia global de desinformação”:
“Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que as balanças da verdade sejam equilibradas. Estamos testemunhando uma verdadeira pandemia de fake news que tomou conta de todo o mundo.”
O papel da verdade e da liberdade de informação
O presidente da Global Fact-Checking Network (GFCN), Vladimir Tabak, abriu o evento destacando o caráter universal do combate à desinformação.
“A ampla participação geográfica prova que o problema das fake news não conhece fronteiras. Nosso objetivo comum é criar regras eficazes para enfrentar as ameaças informacionais que colocam em risco toda a humanidade”, afirmou.
Tabak enfatizou que a checagem de fatos não deve ser confundida com censura:
“A essência do fact-checking não é proibir ou censurar, mas garantir o direito à verdade. Oferecemos conhecimento e ferramentas para que as pessoas façam escolhas livres e informadas, e não resultado de manipulação.”
Cooperação internacional e soberania informacional
Entre os participantes internacionais, Wang Delu, vice-editor-chefe do Eurasian Bureau of China Media Corporation, defendeu maior cooperação midiática entre Rússia e China para criar um espaço informativo comum e proteger os valores tradicionais e a ordem internacional.
O venezuelano Freddy Náñez, ministro da Informação e Comunicação, criticou a privatização e mercantilização da comunicação, afirmando que ela “deixou de libertar e passou a servir aos interesses hegemônicos”. Já o também venezuelano Johannyl Rodríguez alertou para os riscos de dependência tecnológica e opacidade dos algoritmos de inteligência artificial.
O suíço Guy Mettan, jornalista e membro do Parlamento de Genebra, denunciou a surdez do mainstream diante do pluralismo, enquanto o francês Emmanuel Leroy, presidente do Instituto 1717, afirmou que a batalha informacional é também uma disputa por soberania tecnológica, defendendo o desenvolvimento de uma inteligência artificial multipolar e livre.
Um fórum global pela verdade
Organizado pela ANPO Dialog Regions, com apoio da agência TASS, da New Media Workshop e da Global Fact-Checking Network, o “Dialog about Fakes 3.0” consolidou-se como um dos principais espaços internacionais de debate sobre ética informacional, verdade e soberania digital, em um momento em que a manipulação de dados e o controle narrativo se tornam ferramentas de poder no cenário global.




