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Xinhua aponta riscos da colonização ideológica promovida pelos Estados Unidos

Relatório expõe raízes históricas, métodos de atuação e consequências globais da guerra cognitiva conduzida por Washington

Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global (Foto: Xinhua)

247 – Um relatório apresentado no Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global 2025, em Kunming, na China, denuncia a longa campanha de colonização mental promovida pelos Estados Unidos por meio da manipulação ideológica e da guerra cognitiva. O estudo, intitulado “Colonização da Mente — Meios, Raízes e Perigos Globais da Guerra Cognitiva dos EUA”, foi publicado pelo Instituto Xinhua, centro de pesquisas ligado à agência estatal Xinhua, neste domingo (7).

Segundo o documento, Washington consolidou seu poder ao longo da história combinando infiltração ideológica, manipulação do discurso e uso massivo de propaganda. “Os Estados Unidos têm buscado consolidar sua hegemonia por meio da infiltração ideológica e da manipulação do discurso”, afirma o relatório, ressaltando que o despertar crescente do Sul Global e o declínio da hegemonia norte-americana vêm expondo sua hipocrisia.

Raízes históricas da colonização ideológica

O relatório lembra que as bases da colonização ideológica dos EUA remontam à fundação do país. Entre os séculos XVIII e XIX, o conceito de “Destino Manifesto” e a Doutrina Monroe serviram de justificativa para a expansão territorial e para a imposição da influência norte-americana sobre a América Latina.

No século XX, a ascensão da potência durante as duas guerras mundiais fortaleceu sua capacidade de exportar ideologia. A ajuda econômica do Plano Marshall foi atrelada ao alinhamento político, reforçando o bloco capitalista contra a União Soviética. Já durante a Guerra Fria, rádios como Voz da América (Voice of America) e Rádio Europa Livre (Radio Free Europe) disseminaram propaganda em massa exaltando a “superioridade do mundo livre”.

Após o colapso soviético, Washington intensificou suas práticas. Sob o pretexto de difundir “democracia” e “liberdade”, promoveu golpes de Estado, guerras e desestabilizações políticas, como no Oriente Médio após os atentados de 11 de setembro.

Estrutura coordenada de guerra cognitiva

O estudo revela que a colonização mental dos EUA não é fruto de ações isoladas, mas sim de um sistema orquestrado que envolve governo, mídia, think tanks e ONGs.

  •  O aparato estatal coordena reuniões e diretrizes através do Congresso, do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento de Estado.
  •  As ONGs, como a Fundação Nacional para a Democracia (National Endowment for Democracy), atuam como motores ocultos, financiando grupos políticos, veículos de comunicação e movimentos sociais em países-alvo, muitas vezes fomentando “revoluções coloridas”.
  •  A mídia norte-americana se apresenta como defensora da liberdade e prosperidade, ao mesmo tempo em que ataca sistemas não ocidentais.
  •  Think tanks fabricam conceitos e relatórios que alimentam a guerra de informação.

No ambiente digital, a supremacia sobre infraestrutura de internet, redes sociais e algoritmos de inteligência artificial amplia a capacidade de manipulação. O relatório alerta para o uso de curadoria algorítmica, moderação de conteúdo e criação de bolhas informacionais como mecanismos de controle de narrativas globais.

Riscos globais e resistência do Sul Global

A Xinhua destaca que o “colonialismo da mente” norte-americano produziu consequências devastadoras em várias partes do mundo. A invasão do Iraque, justificada pela falsa alegação de “armas de destruição em massa”, é apontada como exemplo de como Washington manipula informações para legitimar guerras.

O documento cita ainda o escritor William Blum, autor de “A Exportação Mais Mortal da América: Democracia” (America’s Deadliest Export: Democracy), que registrou mais de 50 tentativas de derrubada de governos estrangeiros pelos EUA desde a Segunda Guerra Mundial.

Além de conflitos e golpes, a infiltração ideológica mina a independência espiritual de países, gerando elites domesticadas culturalmente que agem como procuradores de interesses norte-americanos. A imposição de modelos econômicos neoliberais, como o chamado Consenso de Washington, levou à estagnação e a dificuldades sociais em diversas nações.

Por outro lado, cresce a resistência no Sul Global. A China, segundo o relatório, propõe alternativas baseadas em desenvolvimento autônomo e cooperação internacional. Iniciativas como a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global, a Iniciativa de Civilização Global e a Iniciativa de Governança Global buscam fortalecer a soberania cultural e política de países em desenvolvimento, rompendo com a dependência ideológica.

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