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Fórum internacional em Kunming, na China, reúne jornalistas e acadêmicos para erguer a voz do Sul Global

"Estamos ampliando as vozes do Sul Global e transformando a narrativa hegemônica tradicionalmente dominada pela mídia ocidental”, diz Leonardo Attuch

Jornalistas reunidos em Kunming para o Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global (Foto: Xinhua)

247 – O Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global de 2025, organizado pela agência Xinhua, teve início nesta sexta-feira (5), em Kunming, na província de Yunnan, sudoeste da China, reunindo centenas de jornalistas, acadêmicos e autoridades com o objetivo de ampliar a voz dos países em desenvolvimento no cenário internacional. 

O encontro, que terá duração de cinco dias, acontece sob o tema “Empoderar o Sul Global, navegando pelas mudanças globais” e marca a segunda edição do fórum, após a primeira realizada em São Paulo, no Brasil, em 2024. De acordo com os organizadores, cerca de 500 representantes de mais de 260 instituições de 110 países, além de organizações internacionais e regionais, participam das discussões. O Brasil 247 está representado por seu fundador e editor Leonardo Attuch, que será um dos palestrantes neste sábado.

Os principais tópicos da agenda incluem a construção de consensos pela paz, a identificação de novos motores de desenvolvimento, a ampliação da cooperação e o avanço do diálogo entre civilizações.

Diálogo para um mundo mais equilibrado

No encontro, destaca-se a missão histórica dos países do Sul Global de buscar a modernização e defender uma ordem internacional mais justa e equitativa. A primeira edição, em São Paulo, resultou na Declaração de São Paulo, que convocou a mídia e os centros de pesquisa da região a defenderem interesses comuns e fortalecerem sua influência nos debates globais.

O jornalista Leonardo Attuch, editor-responsável do Brasil 247, que participou do evento no Brasil e também se registrou para o fórum em Kunming, ressaltou a importância da comunicação nesse processo:

 “Em apenas um ano, já vimos diálogos mais profundos e estruturados entre as mídias do Sul Global, ampliando ainda mais as vozes desses países e transformando a narrativa hegemônica tradicionalmente dominada pela mídia ocidental”.

O peso econômico e político do Sul Global

Nos últimos anos, o Sul Global consolidou-se como força decisiva no cenário mundial. Hoje, responde por mais de 40% do PIB global e por cerca de 80% do crescimento econômico mundial, tornando-se essencial para a manutenção da paz, do desenvolvimento e da governança internacional.

A China, como parte do Sul Global, reforça seu papel de parceira estratégica ao promover a Iniciativa do Cinturão e Rota, investindo em infraestrutura essencial como estradas, portos e pontes em diversos países. 

O iraquiano Nassar Abdulkareem Nassar, vice-diretor de assuntos de mídia da Agência de Notícias do Iraque, destacou esse apoio:

 “No Iraque, o suporte da China possibilitou inúmeros projetos emblemáticos e programas de impacto direto na vida da população”.

Quebrando narrativas ocidentais

Outro ponto enfatizado no fórum foi a necessidade de romper o padrão de opinião pública global dominado pelo Ocidente. Fidel Alejandro Gomez Vega, vice-presidente da agência cubana Prensa Latina, afirmou:

 “Sem ouvir as demandas da maioria da humanidade, não será possível manter a paz mundial nem alcançar o desenvolvimento sustentável para todos”.

Na mesma linha, Dzhoni Melikyan, do Centro de Relações Internacionais do Gabinete do Primeiro-Ministro da Armênia, reforçou a importância da colaboração entre mídias e centros de pesquisa do Sul Global em meio a um contexto de crescentes conflitos geopolíticos.

Ahmad Ismayilov, diretor executivo da Agência de Desenvolvimento de Mídia do Azerbaijão, defendeu que os veículos de comunicação da região precisam investir em transformação digital, inteligência artificial e em alianças intercontinentais para ampliar ainda mais sua voz no cenário internacional.

Novos documentos e redes de cooperação

Durante o encontro em Kunming, está prevista a divulgação de dois documentos-chave: o Consenso de Yunnan, que reforça o compromisso pela produção cooperativa de notícias e análises, e um relatório sobre a contribuição da China para os bens intelectuais públicos globais, com destaque para suas iniciativas de cooperação Sul-Sul.

O evento também marcou o lançamento oficial da Rede de Parceria de Comunicação Conjunta do Sul Global, que já conta com mais de 1.000 veículos de mídia, think tanks e instituições de 95 países e regiões.

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