Cooperação entre as mídias do Sul Global é essencial para a paz mundial, diz Attuch, no Fórum de Kunming

247 – O Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global 2025 foi aberto neste sábado (6) em Kunming, no sudoeste da China, reunindo mais de 500 representantes de 260 instituições de 110 países. Organizado pela agência Xinhua, o encontro tem como tema “Empoderar o Sul Global, navegando as mudanças globais” e busca fortalecer a cooperação entre veículos de comunicação e centros de pesquisa do mundo em desenvolvimento.

Em sua intervenção, o jornalista Leonardo Attuch, editor-responsável do Brasil 247, afirmou que a cooperação midiática entre países do Sul Global é fundamental para garantir a paz mundial e a construção de uma ordem internacional mais justa e equilibrada. Ele ressaltou que narrativas justas e plurais são sementes da paz em um mundo ameaçado pela desinformação e pelo unilateralismo.

Kunming, símbolo do diálogo de civilizações

Attuch destacou a escolha de Kunming como sede do encontro, lembrando que a cidade foi ponto central da rota da seda e palco de um extraordinário diálogo de civilizações:

 “Foi aqui que o budismo indiano se encontrou com o taoísmo chinês, dando origem ao Chan, tradição espiritual que mais tarde se transformou no Zen e chegou ao Brasil. Esse percurso mostra que, quando as civilizações se encontram, não apenas coexistem, mas geram algo novo e transformador.”

O jornalista também lembrou que essa herança cultural compõe o mosaico da sociedade brasileira, marcada pela diversidade e pela convivência de tradições.

O papel da mídia do Sul Global

Diante das tensões internacionais, Attuch defendeu que a mídia do Sul Global assuma uma responsabilidade histórica:

 “Trata-se de garantir que as vozes dos nossos povos sejam ouvidas com dignidade. Ao fortalecer os laços entre nossos veículos de comunicação , estamos construindo a infraestrutura de uma narrativa global mais justa e equilibrada.”

Ele estruturou sua proposta em três princípios fundamentais:

1.  O diálogo entre civilizações, porque a diversidade é a maior riqueza da humanidade;
2.  O desenvolvimento pacífico, porque nenhuma prosperidade duradoura pode nascer da destruição;
3.  A multipolaridade, porque um mundo justo não pode girar em torno de um único centro de poder.

Attuch lembrou que o Brasil, sob a liderança do presidente Lula, tem contribuído para essa construção, como ficou evidente na recente cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro.

Integração e futuro

O fórum em Kunming sucede a primeira edição, realizada em São Paulo em 2024, que resultou na Declaração de São Paulo, em defesa dos interesses comuns do Sul Global. Nesta edição, além de debates sobre paz e desenvolvimento, foram lançados o Consenso de Yunnan e a Rede de Parceria de Comunicação Conjunta do Sul Global, que reúne mais de 1.000 instituições de 95 países.

Em suas palavras finais, Attuch enfatizou a necessidade de união em torno da paz:

“Vamos trabalhar juntos para que o mundo escolha a paz em vez da guerra, a cooperação em vez da confrontação, a unidade em vez da divisão.”