CPI do INSS vai ouvir doador da campanha de Onyx Lorenzoni ao governo do RS
Convocação de Felipe Macedo Gomes é ponto de consenso entre oposição e governistas em investigação sobre fraudes no INSS
247 - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu convocar Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB) e doador de campanha do ex-ministro da Previdência, Onyx Lorenzoni (Progressistas). A informação foi revelada pelo portal Metrópoles.
A convocação de Gomes, que doou R$ 60 mil à campanha de Onyx ao governo do Rio Grande do Sul em 2022, uniu parlamentares bolsonaristas e petistas. Apesar da ligação financeira, o ex-ministro do governo Jair Bolsonaro nega conhecer o empresário.
Articulação no congresso e pedidos de depoimento
Três requerimentos já foram apresentados pedindo a oitiva de Gomes. Um deles é de autoria da senadora Damares Alves (Republicanos), que incluiu o empresário em uma extensa lista de convocações e quebras de sigilo relacionadas à Operação Sem Desconto. A investigação da Polícia Federal apura o desvio de recursos de aposentados por meio de descontos indevidos em contracheques.
Petistas também defenderam a convocação, embora sem mencionar a doação a Lorenzoni. O senador Randolfe Rodrigues (PT) destacou que há “indícios de que a associação funcionou como fachada para operações financeiras irregulares, utilizando a estrutura de convênios com o INSS para captação ilícita de recursos, o que caracteriza grave violação dos direitos dos beneficiários”.
Na mesma linha, o deputado federal Rogério Correia (PT) afirmou que a “associação encontra-se arrolada nos inquéritos policiais como uma das entidades responsáveis pelas fraudes objeto desta CPMI”.
Movimentações financeiras sob suspeita
Documentos da Polícia Federal mostram que Felipe Macedo Gomes recebeu R$ 17,9 milhões da ABCB por meio da EMJC Serviços, empresa de consultoria aberta em dezembro de 2022 com capital social de apenas R$ 20 mil. O endereço da firma fica em Barueri (SP) e é compartilhado com outras empresas de dirigentes da associação, todas ligadas ao setor de crédito consignado.
Segundo os investigadores, somente os dirigentes da Amar Brasil movimentaram R$ 79 milhões no período, dos quais quase R$ 18 milhões foram destinados à empresa de Gomes. A Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que a entidade arrecadou R$ 143,2 milhões entre 2022 e junho de 2024, em sua maioria proveniente de descontos em aposentadorias.
Irregularidades e vínculos investigados
A ABCB foi criada em 2020 e, dois anos depois, já firmava convênio com o INSS para operacionalizar descontos automáticos. Relatórios da PF identificaram que a entidade funcionava em endereços compartilhados com outras empresas suspeitas e mantinha vínculos com o contador Mauro Palombo Concilio, também ligado a figuras centrais do escândalo, como Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador afastado do INSS, e André Fidelis, ex-diretor da autarquia.
O nome de Gomes ainda chama atenção pelo patrimônio: de acordo com a investigação, ele possui dois jet skis e um Porsche em seu nome.