Mortes por metanol em SP levam PF a investigar bebidas adulteradas
Abertura da investigação foi determinada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski
247 - O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (30) que determinou que a Polícia Federal abra uma investigação para apurar a contaminação de bebidas alcoólicas com metanol em São Paulo. A decisão ocorre após mortes confirmadas e novos casos de intoxicação registrados no estado. Dados do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) apontam que até a noite de segunda-feira (29) foram seis casos oficialmente confirmados de intoxicação, enquanto outros dez seguem em investigação. As informações são do g1.
Jovens estão entre as vítimas
Quatro jovens — dois homens e duas mulheres — passaram mal após consumir gin comprado em uma adega da Cidade Dutra, Zona Sul da capital. Um deles, Rafael dos Anjos Martins Silva, segue internado em estado grave há quase um mês.
De acordo com boletim de ocorrência, Rafael apresentou dores abdominais intensas, vômitos e chegou a perder a visão após ingerir a bebida. Sua mãe, Helena Martins, relatou ao Fantástico: “Ele está respirando pelo ventilador, não tem fluxo sanguíneo cerebral. Segundo a medicina, é irreversível”.
Três mortes confirmadas e uma em apuração
O governo estadual confirmou três mortes relacionadas à ingestão de bebidas adulteradas com metanol. As vítimas foram homens de 58, 54 e 45 anos. Outro caso, de um homem com histórico de alcoolismo crônico, está em análise
Esquema de falsificação
As investigações apontam que falsificadores adulteravam bebidas de marcas conhecidas, como gin e vodca, misturando-as com metanol. Não se sabe ainda em que etapa do processo ocorreu a contaminação — se na produção ou distribuição.
Na segunda-feira (29), uma força-tarefa formada pela Polícia, pelo CVS estadual e pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde da prefeitura apreendeu 117 garrafas sem rótulo em bares da capital.
O que é metanol e por que é perigoso
O metanol é uma substância química usada na produção de solventes, tintas, plásticos e biodiesel. É altamente tóxico e não pode ser ingerido. Pequenas quantidades podem provocar náusea, convulsões, cegueira e até a morte.
A Secretaria da Saúde reforça que qualquer suspeita de intoxicação deve ser tratada como emergência médica. A população pode encontrar atendimento pelo Busca Saúde ou entrar em contato com o CCI-SP pelos telefones (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.
Possível ligação com o crime organizado
A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levanta suspeita de que o metanol usado para adulterar bebidas seja o mesmo importado ilegalmente por facções criminosas para adulteração de combustíveis.
Segundo a entidade, o fechamento de distribuidoras ligadas ao crime organizado pode ter levado ao desvio do produto para quadrilhas de falsificação de bebidas. “Ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido tal metanol a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”, informou em nota.
Autoridades reforçam alerta
O CVS orienta bares, restaurantes e comerciantes a reforçarem o controle de procedência das bebidas. A população também deve redobrar a atenção, adquirindo apenas produtos de estabelecimentos de confiança.