Terceira morte por suspeita de intoxicação por metanol é registrada em São Paulo
Autoridades investigam relação entre bebidas adulteradas e atuação do PCC no esquema de falsificação
247 - O estado de São Paulo confirmou nesta segunda-feira (29) a terceira morte suspeita de intoxicação por metanol. Dois dos óbitos ocorreram em São Bernardo do Campo e um na capital paulista. A confirmação das causas ainda depende da análise do Instituto Médico Legal (IML).
De acordo com informações publicadas pelo O Globo, a Polícia Civil investiga uma série de envenenamentos ligados a bebidas adulteradas vendidas em bares e casas noturnas. Até o momento, foram registradas quatro denúncias: duas na Zona Sul da capital e duas na Grande São Paulo.
Detalhes dos casos notificados
A Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo informou que as vítimas foram dois homens, um de 58 anos, que morreu em 24 de setembro, e outro de 45 anos, que faleceu no dia 28. Já a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo confirmou a morte de um homem de 54 anos, morador da Zona Leste, que apresentou sintomas no dia 9 e morreu em 15 de setembro.
Segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), em apenas 25 dias, o estado contabilizou nove casos de intoxicação por metanol, número considerado fora do padrão e que sugere uma possível origem comum.
Suspeita de envolvimento do crime organizado
Em nota, a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) apontou a hipótese de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A entidade relaciona a situação ao fechamento de distribuidoras investigadas por adulterar combustíveis com metanol, durante a operação Carbono Oculto, realizada em agosto pelo Ministério Público de São Paulo, Receita Federal, Polícia Federal e outros órgãos.
Segundo a ABCF, “ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido o produto a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”.
As investigações revelaram que o PCC utilizava mais de mil postos de combustíveis em dez estados brasileiros e controlava cerca de 40 fundos de investimento para lavagem de dinheiro.
O que é o metanol e por que é tão perigoso
O metanol é um líquido incolor, de odor semelhante ao álcool comum, mas produzido a baixo custo e utilizado em solventes, anticongelantes e vernizes. Quando adicionado a bebidas falsificadas, torna-se praticamente indetectável no consumo, mas provoca graves danos à saúde.
No organismo, o fígado metaboliza o metanol em substâncias tóxicas como formaldeído e ácido fórmico, que atacam órgãos vitais, especialmente cérebro e olhos. Os sintomas podem surgir entre 40 minutos e 72 horas após a ingestão e incluem tontura, confusão mental, vômitos e dificuldade de coordenação. Em casos graves, há risco de cegueira, convulsões, insuficiência renal e até morte.