HOME > Sudeste

Maioria no Rio apoia equiparar facções criminosas a terroristas

Levantamento Genial/Quaest revela que 72% dos fluminenses defendem punições mais duras e enquadramento das facções como terrorismo

Policial segura arma enquanto moradores dos complexos do Alemão e da Penha protestam do lado de fora da sede do governo do estado do Rio de Janeiro, após a chacina policial que matou ao menos 121 pessoas - 29/10/2025 (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

247 - A maioria da população do Estado do Rio de Janeiro apoia a proposta de equiparar facções criminosas a organizações terroristas. Segundo levantamento da Genial/Quaest, divulgado pelo O Globo, 72% dos entrevistados se declararam favoráveis à medida, rejeitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O tema ganhou força após a chacina nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou ao menos 121 mortos e reacendeu o debate sobre segurança pública e o combate ao crime organizado.

O estudo mostra que a proposta divide opiniões conforme o posicionamento político: entre eleitores lulistas, o apoio é de 49%, caindo para 36% entre os que se identificam com a esquerda. Já entre independentes, o índice sobe para 74%, alcançando 91% entre bolsonaristas e 95% entre eleitores de direita.

De autoria do deputado Danilo Forte (União-CE), o projeto foi apresentado em março e encaminhado às Comissões de Segurança Pública e de Constituição e Justiça da Câmara. A relatoria, antes sob responsabilidade de Nikolas Ferreira (PL-MG), será agora assumida por Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança de São Paulo, que deixará temporariamente o cargo para retomar o mandato parlamentar e conduzir a proposta em Brasília.

Além da equiparação das facções a grupos terroristas, o texto prevê aumento “exponencial” das penas para o uso de armamentos de guerra, barricadas e domínio territorial. Em paralelo, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, apresentou ao Congresso o chamado “pacote anti-facção”, que cria o crime de “organização criminosa qualificada” e pode elevar a pena de homicídio a mando de facção para até 30 anos de prisão. A medida tem apoio de 85% dos entrevistados, e apenas 10% manifestaram rejeição.

Outras propostas de endurecimento penal também receberam respaldo popular: 53% dos entrevistados apoiam o fim das saídas temporárias de presos em datas comemorativas, mesmo para os que apresentam bom comportamento, e 62% defendem o fim das visitas íntimas a detentos ligados a facções.

O diretor da Quaest, o cientista político Felipe Nunes, avalia que a segurança pública pode se tornar um divisor político nas próximas eleições. “Se o eleitor for para a urna no ano que vem pautado pela segurança pública, ele tende a votar nas propostas da direita, como aumento de pena, enquadramento como terrorismo e restrição de direitos de presos”, afirmou.

Apesar do apoio ao endurecimento das leis, a percepção sobre a atuação do governo federal na área é majoritariamente negativa: 60% dos entrevistados consideram a gestão Lula ruim nesse tema, enquanto apenas 18% a veem como positiva. Já 53% dizem que o Planalto não tem auxiliado os estados no combate ao crime organizado.

A pesquisa também mostra aumento da confiança nas forças de segurança. A Polícia Militar registrou crescimento de 65% para 72% em dois anos, enquanto as Forças Armadas seguem como a instituição mais confiável, com 83% de aprovação. O Poder Judiciário, por sua vez, perdeu credibilidade, caindo de 67% para 61%.

O levantamento indica ainda que 58% dos entrevistados consideram a recente megaoperação policial um sucesso, consolidando-a como a mais letal da história do estado. Outros 32% a classificaram como fracasso, 6% afirmaram que “depende” e 4% não souberam responder.

Realizada entre os dias 30 e 31 de outubro, a pesquisa da Quaest ouviu 1,5 mil pessoas em 40 municípios fluminenses, com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos e nível de confiança de 95%.

Artigos Relacionados