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Sob pressão, Motta anuncia votação para criar liderança da bancada cristã na Câmara

Liderança terá assento no colégio de líderes e direito a voto nas decisões da Casa. Iniciativa está na pauta de votação desta quarta-feira

Hugo Motta - 24/04/2025 (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

247 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que levará à votação, nesta quarta-feira (22), o projeto de resolução que cria a bancada cristã na Casa. A iniciativa propõe uma nova liderança com direito a voto no colégio de líderes, instância que define as pautas de votação e as negociações políticas do plenário.

O projeto, segundo o jornal O Globo, é articulado por Gilberto Nascimento (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, e Gastão Vieira (PSD-MA), líder do grupo católico, e busca consolidar uma representação institucional conjunta para os dois segmentos.

“Hoje é um dia de muita alegria. Acabo de receber, das mãos do Gilberto e do Gastão, um requerimento de urgência que cria a bancada cristã na Casa, demonstrando que as frentes evangélica e católica têm interesse de caminhar conjuntamente em muitas pautas que são de interesse da população brasileira”, afirmou Motta.

Nova liderança com direito a voto

Caso o projeto seja aprovado, a bancada cristã passará a ter um assento no colégio de líderes — ampliando de 20 para 21 o número de vagas. A posição garante ao seu líder o direito de votar nas reuniões que definem a pauta do plenário, negociar tempo de fala, participar de acordos de procedimento e ter acesso direto à Mesa Diretora.

Além disso, a nova liderança poderá indicar representantes em comissões e participar das rodadas de negociação com o governo federal e as demais bancadas partidárias. Inicialmente, o deputado Gilberto Nascimento deve ocupar a cadeira, que será alternada anualmente entre as frentes evangélica e católica.

Força política ampliada

A frente evangélica reúne hoje mais de 200 parlamentares, e a expectativa é que a nova liderança represente cerca de 300 deputados que se identificam com pautas religiosas, mesmo sem vínculos formais com igrejas. A criação da bancada cristã tem apoio da ala conservadora da Câmara e é vista como um passo para fortalecer a influência de grupos religiosos nas decisões legislativas.

A proposta vinha sendo discutida desde a presidência de Arthur Lira (PP-AL), mas ganhou impulso sob o comando de Hugo Motta, que busca aproximar-se de segmentos cristãos e consolidar uma base de apoio estável. O movimento ocorre em meio a debates sensíveis, como a regulação das redes sociais, a política de drogas e os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao novo marco de licenciamento ambiental.

Culto ecumênico e apelo por anistia

Na manhã desta quarta-feira, os parlamentares que integram a futura bancada cristã participaram de um culto ecumênico no anexo da Câmara. O evento contou com a presença de Hugo Motta e sua esposa, Luana Medeiros. Durante a cerimônia, o deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) cantou uma música pedindo anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, cujo acórdão foi publicado nesta mesma data pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na canção, Crivella afirmou que a anistia é “a justiça mais ampla” e que “o batom na estátua não apaga a esperança”, em referência a Débora do Batom, condenada a 14 anos de prisão por pichar a estátua da Justiça durante os ataques às sedes dos Três Poderes.

Apesar da mobilização de parte dos parlamentares, a pauta sobre redução de penas perdeu força nas últimas semanas. Questionado na noite anterior sobre o andamento do projeto, Motta declarou que “não havia novidades”.

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