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Senado quer ouvir líderes do PCC e chefes da inteligência na CPI do crime organizado

Comissão busca mapear atuação das facções criminosas e cobrar integração entre órgãos de segurança e controle financeiro

CPI do Crime Organizado (CPICRIME) é instalada Mesa: presidente da CPICRIME, senador Fabiano Contarato (PT-ES); relator da CPICRIME, senador Alessandro Vieira (MDB-SE). (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

247 - A recém-instalada CPI do Crime Organizado no Senado começou seus trabalhos com uma série de requerimentos de convocações e convites a autoridades, governadores e especialistas. O colegiado é presidido pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES) e promete uma apuração ampla sobre a estrutura e o financiamento de facções criminosas no país.

De acordo com o jornal O Globo, entre os pedidos apresentados estão as oitivas de lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e do presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Saadi. As solicitações foram feitas por parlamentares de diferentes partidos e ainda precisam ser aprovadas pela comissão.

O relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já teve requerimentos aceitos e pretende elaborar um “mapa das facções criminosas” com base em dados de órgãos de inteligência e segurança pública. Entre os novos pedidos de convocação estão os apresentados pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), que quer ouvir detentos apontados como integrantes da cúpula do PCC.

A lista inclui Alejandro Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, identificado como interlocutor do PCC com o Comando Vermelho; Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, considerado braço direito de Marcola; e Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, preso em 2020 em Moçambique, suspeito de comandar o tráfico internacional de drogas da facção. Também foi solicitado o depoimento de Roberto Augusto Leme da Silva, acusado pelo Ministério Público de chefiar um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do PCC no setor de combustíveis.

Outros requerimentos, de autoria do senador Angelo Coronel (PSD-BA), convidam autoridades federais para detalhar ações de combate ao crime organizado. Entre eles, Luiz Fernando Corrêa (Abin), para esclarecer as operações de inteligência; Ricardo Saadi (Coaf), sobre o rastreamento de movimentações financeiras; Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, para relatar as ações de repressão; e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para explicar a atuação do governo federal na área de segurança pública.

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) também apresentou pedidos para ouvir os governadores Cláudio Castro (PL-RJ) e Ronaldo Caiado (União-GO). No caso do Rio de Janeiro, o requerimento menciona a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, pedindo esclarecimentos sobre a conduta das forças de segurança e possíveis ligações de agentes públicos com milícias.

As movimentações ocorrem enquanto o governo tenta manter o controle político sobre a CPI após vencer a disputa pela presidência do colegiado. A oposição, porém, promete usar as convocações para pressionar o Palácio do Planalto, sobretudo após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que classificou como “matança” a operação policial no Rio.

Nos bastidores, aliados de Fabiano Contarato afirmam que o objetivo é manter o foco técnico das investigações e evitar que a comissão seja usada como palanque político. O relator Alessandro Vieira reforçou essa postura ao defender que os trabalhos da CPI sejam conduzidos com “serenidade e rigor técnico”.

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