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Nunes Marques pode paralisar julgamento da cassação de Cláudio Castro

Vice-presidente do TSE sinaliza que pode pedir vista no processo que ameaça o mandato do governador do Rio de Janeiro, o que adiaria a decisão para 2026

Kassio Nunes Marques (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

247 – O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Kassio Nunes Marques, tem dado sinais de que pode interromper o julgamento que ameaça cassar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e torná-lo inelegível. Segundo informações publicadas pelo jornal O Globo, o ministro vem indicando, em conversas reservadas, a possibilidade de pedir vista — o que suspenderia a análise por até 60 dias, empurrando o desfecho do caso para fevereiro de 2026.

De acordo com auxiliares citados pela reportagem, Nunes Marques teria afirmado que há alta probabilidade de solicitar vista em processos considerados complexos, especialmente quando o julgamento é pautado com pouca antecedência. Ele teria tomado conhecimento de que o caso foi incluído na pauta apenas na quarta-feira (29), após decisão da Corte de marcar o julgamento para a próxima terça-feira (4).

Esses mesmos interlocutores informam que o ministro tem viagem programada para quinta-feira (30), com retorno previsto justamente para o dia do julgamento. Além disso, segundo pessoas próximas, o magistrado costuma pedir vista em ações envolvendo políticos de grande relevância, como governadores, senadores ou prefeitos de capitais — o que reforça a expectativa de que ele interrompa a análise do caso de Castro.

Expectativa de suspensão e cálculo político

O eventual pedido de vista teria o efeito de suspender o julgamento por 60 dias, adiando a decisão sobre a cassação e a inelegibilidade de Cláudio Castro. A aposta no entorno do governador é que esse intervalo permitiria reduzir a tensão política em torno do caso, especialmente após o impacto da operação policial mais letal da história do Rio, que deixou mais de 120 mortos.

A relatora do processo, ministra Isabel Gallotti, encerra seu mandato no TSE em menos de um mês. Antes de deixar a Corte, ela liberou para julgamento os casos que considera prioritários — entre eles, as ações contra Castro e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil).

Acusações e reação política

Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar são acusados de abuso de poder político e econômico no uso de recursos públicos em 2022, por meio de projetos financiados pela Fundação Ceperj e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

No grupo político de Castro, a avaliação é de que o TSE teria agido com motivação política, supostamente em “movimento casado” com o governo federal, ao pautar o julgamento logo após a repercussão da operação policial.

Até poucas semanas atrás, o clima entre os aliados de Castro era de tranquilidade, diante da ausência de previsão para o julgamento. A decisão do TSE de colocar o caso em pauta de forma repentina reacendeu o temor de cassação e elevou a expectativa sobre o comportamento de Nunes Marques, visto como a principal esperança do governador para travar o processo.

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