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Defesa de Bolsonaro reúne laudos médicos para evitar Papuda

Equipe jurídica de Jair Bolsonaro antecipa movimentações para impedir a ida à Papuda

Ex-presidente Jair Bolsonaro em sua casa em Brasília onde cumpre prisão domiciliar - 03/09/2025 (Foto: REUTERS/Diego Herculano)

247 - A defesa de Jair Bolsonaro (PL) já se movimenta para reduzir o risco de o ex-presidente cumprir a pena de 27 anos e três meses no Complexo Penitenciário da Papuda. Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, os advogados anteciparam estratégias enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa os recursos do processo.

A Primeira Turma do STF inicia a partir desta sexta-feira (7) a avaliação, em plenário virtual, dos embargos de declaração apresentados por Bolsonaro e outros seis réus — integrantes do chamado “núcleo crucial” da trama apontada como tentativa de golpe de Estado. Se os embargos forem rejeitados, o relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, poderá determinar o início da execução da pena.

Por esse cenário, a defesa solicitou à equipe médica que acompanha Bolsonaro a elaboração de relatórios e laudos sobre seu histórico de saúde. A meta é utilizar esses documentos futuramente em pedido de prisão domiciliar, com o argumento de que o envio à Papuda implicaria “risco Papuda”. A equipe, formada por cirurgião-geral, clínico-geral e dermatologista, está preparando uma cronologia dos problemas de saúde do ex-presidente desde 2018, incluindo câncer de pele, crises de refluxo, soluço, vômito, hipertensão e apneia — além das complicações de múltiplas operações abdominais, a sétima delas realizada este ano no Hospital DF Star, em Brasília, para desobstrução intestinal e reconstrução da parede abdominal.

Nos bastidores do governo do Distrito Federal, crescem os receios com o possível cumprimento da pena de Bolsonaro na Papuda. Autoridades do Palácio do Buriti teriam realizado contatos reservados com integrantes do STF para manifestar preocupação. O secretário de Administração Penitenciária do DF, Wenderson Souza e Teles, comunicou ao ministro Moraes a necessidade de que o ex-presidente “seja submetido à avaliação de seu quadro clínico e da sua compatibilidade com a assistência médica e nutricional disponibilizados nos estabelecimentos prisionais” da capital federal.

Por sua parte, a defesa do ex-presidente — representada pelo advogado Paulo Amador Bueno — considera que a transferência à Papuda configuraria “uma violação a direitos humanos fundamentais”. 

A equipe de defesa pretende apresentar os laudos médicos apenas ao fim de todas as etapas processuais, junto com o pedido de prisão domiciliar, de forma a não antecipar a argumentação. No cenário intermediário, circula a expectativa de que Bolsonaro possa começar o cumprimento da pena no sistema prisional do DF e, posteriormente, pleitear a domiciliar embasado em razões médicas.

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