CPMI do INSS ouve dirigente da Conafer e ex-sócio de Nelson Wilians
Comissão apura esquema de desvios em aposentadorias e interroga líder da Conafer e empresário ligado a Nelson Wilians
247 - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do INSS entra em nova fase ao ouvir dois personagens centrais nas investigações sobre fraudes e desvios em aposentadorias. Os depoimentos estão marcados para esta segunda-feira (29), com foco no empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti e em Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).
De acordo com o jornal O Globo, a Conafer é apontada pela Polícia Federal como uma das entidades que mais realizaram descontos em benefícios previdenciários. Entre os investigados também está o empresário Antônio Carlos Camilo, conhecido como “Careca do INSS”, preso preventivamente desde o dia 12 e acusado de operar um dos maiores esquemas de desvio de recursos da Previdência.
Conafer e os repasses milionários
Segundo o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), o faturamento da Conafer saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões em poucos anos. Esse crescimento coincidiu com a intensificação dos descontos considerados irregulares em aposentadorias e pensões. Carlos Roberto Ferreira Lopes será questionado justamente sobre essa expansão repentina e sobre a participação da entidade nos contratos sob investigação.
Cavalcanti e as conexões com Nelson Wilians
O outro depoente, Fernando Cavalcanti, é ex-sócio do advogado Nelson Wilians Rodrigues, que já prestou esclarecimentos à comissão e teve a prisão preventiva decretada na última semana. Durante ações da Polícia Federal, foram apreendidos carros de luxo, joias e até uma adega avaliada em R$ 7 milhões. A convocação de Cavalcanti se apoia nessas apreensões e na ligação direta com outros investigados.
O depoimento de "Careca do INSS"
Apontado como operador central do esquema, Antônio Carlos Camilo, o “Careca do INSS”, prestou depoimento na semana passada. Ele negou qualquer envolvimento em fraudes e criticou a prisão preventiva: "Sempre acreditei que a verdade seria suficiente para afastar a mentira dessa investigação. Desde o início mantive uma defesa técnica, mantive meus endereços disponíveis e total disposição para colaborar. Sou o maior interessado em esclarecer os fatos. O indivíduo com o qual mantive relações comerciais, depois de ter furtado veículos da minha propriedade, espalhou uma série de inverdades. As premissas que fundamentaram a minha prisão são equivocadas. Sou um empreendedor nato e não tenho qualquer relação com governos, seja ele municipal, estadual ou federal".
Com a presença de Ferreira Lopes e Cavalcanti, a comissão busca consolidar provas sobre a rede de empresários e dirigentes que teriam se beneficiado de um esquema bilionário contra aposentados e pensionistas.