CPMI: sessão com 'Careca do INSS' teve bate-boca, pedido de prisão e quebra de sigilo
Depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, provocou tumulto, acusações e decisões polêmicas na CPMI
247 - A sessão da CPMI do INSS realizada nesta quinta-feira (26) no Senado Federal foi marcada por clima de confronto e sucessivas interrupções. O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, prestou depoimento pela primeira vez em público desde que foi preso preventivamente em 12 de setembro. Ele negou todas as acusações e disse que sua prisão foi baseada em “mentiras”.
Segundo o O Globo, Antunes foi levado de uma cela da Polícia Federal em Brasília ao Senado, amparado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garantia o direito de permanecer em silêncio. O empresário afirmou que só responderia às perguntas de parlamentares, mas se recusaria a interagir com o relator do colegiado, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
Clima de confronto e suspensão da sessão
Logo nos primeiros minutos, Gaspar voltou a chamá-lo de ladrão, o que provocou forte reação da defesa. “Em depoimentos anteriores, o relator disse que eu era um ladrão, o que mostra que é tendencioso. Por isso, não o responderei”, declarou Antunes. O advogado Kleber Lopes reagiu às palavras do deputado, e a sessão precisou ser suspensa em menos de 15 minutos.
O relator insistiu na acusação: “Estamos diante do maior ladrão dos aposentados e pensionistas desse país”. O advogado classificou a fala como desrespeitosa e ameaçou retirar o cliente da sala. A tensão aumentou quando o deputado Zé Trovão (PL-SC) avançou na direção da defesa e precisou ser contido por policiais legislativos. Após a intervenção do vice-presidente da comissão, Duarte Júnior (PSB-MA), os trabalhos foram retomados.
Negativas de envolvimento e acusações de extorsão
Antunes reiterou sua inocência e disse estar à disposição da Justiça. “Desde o início, mantive uma defesa técnica, os meus endereços disponíveis e total disposição para colaborar. Sou o maior interessado em esclarecer os fatos”, afirmou. Ele ainda acusou um ex-sócio de espalhar inverdades e de tentar extorqui-lo.
O relator questionou quem teria sido o “padrinho político” responsável por aproximá-lo da alta gestão do INSS. Para sustentar a suspeita, apresentou uma fotografia de Antunes ao lado de dirigentes do órgão.
A Polícia Federal também relacionou o empresário a uma denúncia registrada em São Paulo. Em boletim de ocorrência, um ex-funcionário afirmou ter sido ameaçado de morte por Antunes após se recusar a entregar aparelhos eletrônicos que conteriam dados sigilosos. O episódio foi usado como base para o pedido de prisão preventiva autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Quebra de sigilo e novos requerimentos
Além do depoimento de Antunes, a CPMI aprovou a quebra de sigilo bancário de investigados e solicitou ao Supremo a prisão preventiva do advogado Nelson Willians, já alvo de operação da Polícia Federal por suspeita de envolvimento nas fraudes. O escritório de Willians teria prestado serviços ao empresário Maurício Camisotti, apontado como beneficiário dos desvios — acusação que ele nega.
Em nota, a defesa de Nelson Willians afirmou que o advogado “reitera sua disposição de colaborar com todas as autoridades competentes”.
Com mais de 20 pedidos de prisão preventiva aprovados até agora, a CPMI do INSS tem mantido o foco em investigar o suposto esquema de fraudes na Previdência, mas apenas o Judiciário pode transformar essas solicitações em decisões efetivas.