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Rui Falcão reafirma voto contra PEC da impunidade e rejeita anistia: "Não haverá perdão"

Deputado critica a PEC das prerrogativas, denuncia tentativa de anistiar crimes do bolsonarismo e destaca a necessidade de enfrentamento político

Porto Alegre/RS - O Presidente do PT, Rui Falc㯠em palestra sobre a Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo e crise em mesa de convergꮣia durante o Frum Social Temᴩco (Marcelo Camargo/Agꮣia Brasil) (Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 – Em entrevista ao canal TV 247, o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) explicou seu voto contra a chamada “PEC da impunidade” — também conhecida como PEC das prerrogativas — e se posicionou de forma firme contra qualquer tentativa de anistia aos crimes cometidos durante o bolsonarismo. O parlamentar defendeu que não há espaço para acordos que relativizem ataques à democracia e afirmou categoricamente: “Não haverá perdão”.

Segundo Falcão, o projeto votado na Câmara, que contou com o apoio de 12 deputados do PT, representa um privilégio inaceitável. “Eu tenho prerrogativas. Quais são elas? Imunidade material para meus votos, atos e palavras no exercício do mandato. Eu não preciso mais que isso. De resto, eu sou cidadão comum como vocês todos. Então, por que que eu não posso ser processado se cometer algum crime? Isso é um privilégio, isso é uma vergonha e isso não vai passar porque há um clamor já”, declarou.

Crítica à tentativa de blindagem

O deputado ressaltou que a proposta visa proteger dirigentes partidários e parlamentares de investigações criminais, inclusive em casos de suspeitas graves. Ele citou o exemplo de investigações ligadas a transporte de dirigentes do PCC e classificou a votação como uma “arapuca” para nivelar o PT com práticas políticas condenáveis.

“A PEC para proteger os presidentes de partido é um escândalo. O Rueda hoje acusado tem direito de se defender, mas não pode ser blindado de investigações. Em boa hora, o ministro Gilmar Mendes está dizendo que os processos em curso não serão interrompidos”, afirmou.

Anistia ao bolsonarismo

Rui Falcão também criticou a pressão para aprovar uma anistia a crimes cometidos durante o governo de Jair Bolsonaro. Para ele, o ex-presidente e seus aliados não buscam reconciliação com a democracia, mas sim um “salvo conduto para voltar a delinquir”.

“Na verdade, ele quer um salvo conduto para voltar a delinquir, né? Ele não quer perdão, ele não quer se reconciliar com a democracia”, disse. O parlamentar destacou que, se porventura a anistia for aprovada no Congresso, o presidente Lula deverá vetar a proposta, que já foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

Divergências internas no PT

Questionado sobre os votos de parte da bancada petista a favor da PEC, Falcão reconheceu que colegas podem ter sido movidos por uma intenção de facilitar votações de interesse popular, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos. No entanto, ele afirmou que o caminho escolhido foi equivocado.

“Eu acho que os companheiros que votaram votaram inadvertidamente, talvez pensando num bem maior. Creio que não reincidirão nisso. Não é meu papel julgar, até porque o partido não fechou questão”, disse, defendendo que a legenda retome a prática de fechamento de questão em temas controversos para evitar divisões.

Enfrentamento político

Ao final da entrevista, Rui Falcão ressaltou que a trajetória do presidente Lula serve de exemplo de enfrentamento político sem concessões, citando a recusa do mandatário em aceitar medidas de restrição injustas durante a perseguição judicial da Lava Jato.

“Foi assim, com dignidade, com coragem, que ele saiu da prisão nos braços do povo, foi reconduzido à presidência e recuperou a democracia. Não conciliando, não abrindo mão de princípios, mas fazendo o enfrentamento, que é o que precisamos fazer”, destacou.

Para o parlamentar, é esse espírito de resistência que permitirá ao governo ampliar a base de apoio e avançar em reformas estruturais, como a tributária, enfrentando a brutal concentração de renda que persiste no país. Assista:

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