Padilha dá lição de dignidade ao não ir aos EUA: "sou ministro do Brasil"
Ministro da Saúde recusa restrições impostas por Donald Trump e denuncia medida que atinge não a pessoa, mas o cargo que ocupa em nome do país
247 – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rechaçou as condições impostas pelos Estados Unidos para que pudesse participar de compromissos oficiais em Washington. “Essas restrições não são contra mim, mas contra o ‘ministro da Saúde do Brasil’”, afirmou.
A declaração foi feita em entrevista à GloboNews, repercutida pelo UOL, em que o ministro detalhou os impactos da decisão do governo de Donald Trump de limitar sua circulação a áreas restritas. Segundo Padilha, a medida inviabilizou sua participação em agendas multilaterais relevantes. “Essas restrições, na prática, impedem duas participações muito efetivas. Primeiro, na Assembleia Geral da OPAS, que acontece em Washington, logo depois da ONU. O Brasil ia anunciar mais um apoio financeiro ao fundo rotatório da OPAS para compra de vacinas e medicamentos para o câncer, que iam baratear aqui no Brasil e no conjunto das Américas. Também impedem participação em reuniões fora da estrutura da assembleia da ONU”, explicou.
A decisão de não viajar representou um gesto de dignidade e defesa da soberania nacional. Ao recusar ser tratado como se fosse representante de uma nação inimiga, Padilha deixou claro que não aceitaria restrições absurdas que colocam o Brasil na mesma condição de Cuba, Venezuela e Irã, países alvo de sanções arbitrárias da Casa Branca.
As medidas, ampliadas no primeiro governo de Donald Trump a partir de 2019, já haviam limitado drasticamente a circulação de diplomatas cubanos em território norte-americano. Agora, ao impor a mesma lógica a um ministro brasileiro, os Estados Unidos desrespeitam não apenas uma autoridade, mas o próprio país e sua relevância internacional.
Com sua postura, Padilha reafirma que o Brasil não se submeterá a humilhações e continuará defendendo o direito de participar plenamente dos espaços multilaterais. Sua recusa foi um ato de firmeza que transforma uma tentativa de constrangimento em afirmação de dignidade nacional.