Lula reage à crise do IOF com aceno ao Congresso e defende mais diálogo nas decisões do governo
Em meio à pressão por revogação do decreto, presidente reconhece erro de comunicação e elogia Hugo Motta, crítico da medida
247 – Diante da crescente insatisfação no Congresso com o decreto que elevou as alíquotas do IOF sobre operações de risco sacado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez neste domingo (1º) um gesto de apaziguamento ao Parlamento, afirmando que o Executivo precisa dialogar mais amplamente antes de tomar decisões. A declaração foi feita durante discurso no Congresso do PSB, em Brasília, e foi registrada em reportagem do jornal Valor Econômico.
Ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), um dos principais opositores do aumento do IOF, Lula reconheceu que a medida foi mal conduzida e admitiu que o governo errou ao não envolver os parlamentares no processo de decisão. “O governo tem que aprender que, quando quiser ter uma decisão que seja unânime entre todos os partidos, o correto não é a gente tomar a decisão e depois comunicar. É a gente chamar as pessoas para tomar a decisão junto com a gente, para que a gente mostre e, quando chegar, as coisas estarem mais ou menos alinhadas”, afirmou.
Hugo Motta, que se reuniu com Haddad na última quinta-feira (29), deu um prazo de dez dias para que o Ministério da Fazenda encontre uma alternativa ao aumento do imposto. Internamente, ele tem pressionado pela revogação imediata da cobrança sobre as operações, antes mesmo do fim do prazo estabelecido.
Lula aproveitou sua fala para elogiar a postura institucional de Motta e sinalizar respeito à independência do Congresso. “Independente do partido que você pertence, o teu comportamento e a tua eleição na Câmara é a demonstração de que desde tantas coisas ruins que nós vivemos, começam a acontecer coisas boas”, declarou o presidente.
A reação do Parlamento tem sido intensa. Parlamentares da base governista também têm se manifestado contra o aumento do IOF, classificando a medida como um novo imposto. Há temor de que a insistência na manutenção do decreto leve a uma derrota política, com o Congresso derrubando a decisão e impondo ao governo um desgaste adicional.
Apesar da proximidade que Lula vem cultivando com os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre (União-AP), a relação não tem se traduzido em vitórias legislativas significativas. No primeiro semestre, o Executivo não conseguiu avançar com projetos prioritários e viu crescer a pressão por pautas impulsionadas pela oposição.
Entre os desafios no Congresso está a iminente instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), prevista para a próxima sessão, no dia 17. Além disso, a oposição tem pressionado Hugo Motta a pautar um projeto de anistia ampla e irrestrita para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, proposta que pode beneficiar diretamente oex-mandatário brasileiro Jair Bolsonaro, já réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe.
Mesmo diante das dificuldades, Lula reiterou sua disposição ao diálogo. “Ninguém tem obrigação de aprovar medida provisória do governo, de aprovar projeto de lei do governo, se ele não concordar. O nosso papel enquanto governo é convencer as pessoas da importância daquilo. E convencer é conversar”, afirmou o presidente. A fala reflete um movimento do Palácio do Planalto para reconstruir pontes com o Congresso e tentar evitar novas derrotas políticas.
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