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Brasil espera resposta dos EUA sobre tarifas após reunião de Mauro Vieira em Washington

Chanceler afirma que Trump quer acordo rápido e que solução provisória pode ser fechada até dezembro

Rio de Janeiro (RJ) - 16/09/2025 - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, durante reunião de chanceleres do Mercosul e assinatura de acordo comercial, no Palácio do Itamaraty (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

247 – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (13) que os Estados Unidos podem responder já nesta sexta-feira (14) à proposta apresentada pelo Brasil para solucionar a tarifa de 50% imposta por Washington a produtos brasileiros. A informação foi divulgada em entrevista concedida após reunião com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington. As declarações foram publicadas originalmente pelo RT Brasil.

Segundo Vieira, a contraproposta brasileira foi discutida em uma videoconferência técnica que reuniu representantes do Itamaraty, do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, além da equipe do representante comercial da Casa Branca. “Apresentamos propostas para a solução da questão”, afirmou o ministro.

Trump quer acordo com o Brasil, diz chanceler

O chanceler detalhou que a proposta apresentada hoje é uma resposta formal à primeira lista de temas enviada pelos Estados Unidos em outubro. Ele afirmou que a resposta americana pode vir “amanhã ou na próxima semana”, dependendo das avaliações internas da Casa Branca.

Segundo Vieira, Rubio relatou ter informado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a reunião e disse que o presidente demonstrou intenção de avançar rapidamente. “O presidente manifestou a intenção de resolver rapidamente, de manter uma boa relação com o Brasil, disse que gostou muito da reunião que teve com o presidente Lula na Malásia”, afirmou.

O secretário de Estado também teria reforçado o desejo de fechar um acordo provisório até o fim de novembro ou início de dezembro, criando um “mapa do caminho” para negociações mais amplas nos meses seguintes. “Poderia durar dois meses ou três meses para então se concluir definitivamente todas as questões entre os dois países”, explicou Vieira.

Canal político aberto após encontro entre Lula e Trump

Vieira ressaltou que o diálogo entre os dois governos tem caráter político e foi reaberto diretamente pelos presidentes após o encontro na Malásia. O objetivo é destravar pendências acumuladas na relação bilateral, enquanto questões técnicas continuarão a ser tratadas em reuniões específicas.

“É uma demonstração do interesse do governo americano, do secretário de Estado, em solucionar todas as questões ainda pendentes na relação com o Brasil”, afirmou o ministro, destacando o movimento dos Estados Unidos para “dar a volta nessa página e se aproximar do Brasil”.

Países amazônicos anunciam integração inédita para monitoramento da floresta com apoio do BNDES

Durante a COP30, realizada em Belém (PA), os oito países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) anunciaram um projeto conjunto para fortalecer o monitoramento ambiental da Amazônia. A iniciativa contará com R$ 55 milhões do BNDES, via Fundo Amazônia, segundo informações publicadas pela Agência Brasil.

O objetivo central é integrar dados científicos e tecnológicos para combater o desmatamento e a degradação florestal, unificando metodologias e sistemas de observação no Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

Marina Silva: painel científico servirá de base para políticas públicas

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o plano prevê a criação de um painel técnico-científico dedicado ao monitoramento do bioma. O novo mecanismo, segundo ela, poderá “servir de base na formulação de políticas públicas, tanto em relação à mudança do clima, quanto à biodiversidade, recursos hídricos e pesqueiros”.

A iniciativa terá apoio do INPE, que será responsável pela transferência de tecnologia aos demais países amazônicos. Marina adiantou ainda que os ministros do Meio Ambiente da região formarão uma comissão conjunta para alinhar estratégias de combate ao crime ambiental transfronteiriço.

“Nós queremos sobretudo apostar também numa agenda de desenvolvimento sustentável [...] na parte de combate à criminalidade e de proteção da biodiversidade”, afirmou, defendendo mecanismos que evitem a biopirataria e promovam a justa partilha de benefícios genéticos.

OTCA busca uniformizar dados e fortalecer cooperação regional

O secretário-geral da OTCA, o etnólogo colombiano Martin von Hildebrand, destacou a importância da visão integrada da Amazônia. “A Amazônia é um vasto sistema, um bioma e, como qualquer quebra-cabeça, danificar uma peça danifica outra. Tudo é importante, cada árvore é importante”, disse.

Para Hildebrand, unificar os métodos de monitoramento é crucial: “Se não colocamos a informação de toda a região, de nada nos serve tratar de consertar de um lado e destruir outro”.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, reforçou que a iniciativa depende da interoperabilidade entre os sistemas de cada país: “Se a gente não unificar a metodologia, o crime organizado sai vencendo”, afirmou.

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