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      Washington processa Trump para barrar intervenção federal na polícia local

      Ação judicial contesta nomeação de comissário emergencial e controle direto da corporação pelo presidente sob a justificativa de “emergência”

      A polícia detém uma pessoa no bairro de Brightwood após o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, da tomada federal do Departamento de Polícia Metropolitana sob o Home Rule Act e o envio da Guarda Nacional para auxiliar na prevenção de crimes na capital do país, em Washington, DC, EUA, em 14 de agosto de 2025 (Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - Washington, D.C. entrou com um processo contra o presidente Donald Trump na sexta-feira (15) para impedir a intervenção federal na Polícia Metropolitana da capital norte-americana. A informação é da agência Reuters, que aponta que a medida intensifica a disputa de poder entre a Casa Branca e a liderança local.

      O procurador-geral do Distrito de Columbia, Brian Schwalb, ingressou com a ação na Justiça Federal poucas horas após o governo nomear o diretor da Administração de Repressão às Drogas (DEA), Terry Cole, como “comissário emergencial” da polícia, atribuindo-lhe todas as prerrogativas de um chefe de corporação.

      Contestação e dúvidas sobre legalidade

      Schwalb busca uma decisão judicial que considere ilegal a ordem de Trump, que, na segunda-feira (11), havia anunciado o envio de centenas de militares da Guarda Nacional e a tomada temporária do comando da polícia, justificando a medida como resposta a uma “emergência” de segurança pública.

      Durante audiência de emergência, a juíza federal Ana Reyes questionou a base legal para que o presidente, via procuradora-geral Pam Bondi e Terry Cole, imponha controle total sobre a corporação. “Ainda não entendo com que fundamento o presidente, por meio do procurador-geral, através do senhor Cole, pode dizer: ‘Vocês, polícia, não podem fazer nada a menos que eu autorize’”, afirmou Reyes.

      A Casa Branca, por meio da porta-voz Abigail Jackson, defendeu a medida: “A administração Trump tem autoridade legal para assumir o controle da polícia de D.C., algo necessário diante da emergência criada pela liderança fracassada da cidade”.

      Disputa política e alcance do decreto

      A ordem de Bondi determinou que qualquer ação da polícia local, que conta com cerca de 3,5 mil agentes, precisa do aval de Cole. O texto também revogou diretrizes internas, como a que limitava a participação da corporação em operações de imigração.

      Trump sugeriu que poderia repetir a ação em outras cidades governadas por democratas, aprofundando a estratégia de ampliar a influência direta da presidência em assuntos locais. Em seu segundo mandato, o republicano também interveio em setores como bancos, escritórios de advocacia e universidades.

      O embate opõe publicamente Bondi e a prefeita Muriel Bowser, transformando o controle da polícia em palco de disputa institucional. Para Schwalb, trata-se do “maior ataque à autonomia do Distrito de Columbia desde a aprovação da Lei de Autogoverno” de 1973 — legislação que prevê a possibilidade de controle presidencial da polícia por até 30 dias em casos de “condições especiais de natureza emergencial”, prorrogáveis apenas por resolução conjunta do Congresso.

      Especialistas apontam extrapolação de poderes

      Juristas ouvidos pela agência afirmam que Trump pode ter excedido os limites previstos na lei, já que o texto não autoriza uma tomada total e prolongada do comando policial. O professor de direito de segurança nacional William Banks, da Universidade de Syracuse, avaliou que o procurador-geral local tem “argumentos muito sólidos” contra a medida, mas reconheceu a imprevisibilidade do julgamento: “Não existe um manual para isso. Não há precedente de nenhum dos lados”.

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