Venezuela realiza Conferência internacional sobre colonialismo
Encontro reúne representantes de 57 países e resultará em declaração final contra o neocolonialismo
247 - A Conferência Internacional sobre Colonialismo chegou ao fim nesta sexta-feira (3) em Caracas, após dois dias de intensos debates realizados na Casa Amarela, sede do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.
O evento contou com a presença de mais de 100 delegados de 57 países, incluindo diplomatas e lideranças políticas, entre eles o chanceler do Níger, Yaou Sangaré Bakary.
De acordo com informações da agência Prensa Latina, os trabalhos desta sexta-feira se concentrarão no neocolonialismo econômico e na histórica Sentença Arbitral de Paris de 1899, tema que volta a ser discutido atualmente na Corte Internacional de Justiça. Já no dia anterior, os painéis abordaram questões sobre fronteiras herdadas do colonialismo, reparações históricas, o papel do sistema das Nações Unidas e se este poderia representar uma nova forma de colonização.
Declaração final e objetivos do encontro
O Ministério das Relações Exteriores venezuelano informou que, ao final da conferência, será adotada uma declaração conjunta com propostas de “ações concretas” dirigidas a governos, organismos internacionais e movimentos sociais.
O chanceler venezuelano, Yván Gil, destacou em mensagem divulgada no Telegram que a reunião buscou “avançar na construção de um caminho rumo à unidade, à soberania, à plena independência e à dignidade para todos”. Ele acrescentou:
“Trabalharemos para estabelecer linhas de ação concretas para transformar o sistema internacional em um sistema multipolar e avançar em direção à justiça histórica para nossos povos.”
Críticas ao colonialismo e ao imperialismo
No discurso de abertura, Gil pediu unidade das forças progressistas e revolucionárias da região, ressaltando a necessidade de superar “as cicatrizes deixadas pelo colonialismo e pelo imperialismo na América Latina e no Caribe”. Para o chanceler, a conferência ocorre em um momento decisivo, no qual “vemos as consequências do colonialismo, que ainda persistem, e a imposição do neocolonialismo, que está tentando emergir com mais força”.
A voz do Níger e a resistência africana
O ministro das Relações Exteriores do Níger, Yaou Sangaré Bakary, utilizou o exemplo de seu país e do Sahel para ilustrar os impactos atuais do neocolonialismo. Ele acusou a França de tentar manter controle sobre recursos naturais nigerinos e de retaliar a decisão soberana de expulsar tropas estrangeiras de seu território.
“O povo nigerino nunca aceitará a pilhagem dos seus recursos naturais”, afirmou Bakary, denunciando também tentativas de isolar seu país internacionalmente, inclusive no âmbito das Nações Unidas.
Declaração final
Com o encerramento da conferência, os organizadores esperam que a declaração final sirva como base para reforçar a articulação entre governos, instituições internacionais e movimentos sociais comprometidos em enfrentar tanto as heranças do colonialismo quanto as novas formas de dominação econômica e política.