Putin rejeita ‘colonialismo tecnológico’ e anuncia ‘nova era’ da energia nuclear na Rússia

247 – O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta quinta-feira (25) que a Rússia está comprometida em fortalecer a segurança de suas instalações nucleares e rejeitou o que chamou de “colonialismo tecnológico” no setor. As declarações foram feitas durante a abertura do World Atomic Week, realizado em Moscou, com a presença de delegações de países como Belarus, Mianmar, Armênia, Etiópia, Irã, Uzbequistão, Egito e Níger, além do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. A informação foi publicada pelo Valor Econômico aqui.

Putin destacou que a Rússia não busca criar dependência tecnológica em seus parceiros internacionais. “Rejeitamos o colonialismo tecnológico. Isso significa que não tornamos nossos parceiros dependentes de soluções técnicas russas. Pelo contrário, estamos ajudando-os a criar sua própria indústria nuclear nacional soberana”, afirmou o líder, em evento organizado pela estatal Rosatom, uma das maiores empresas do setor nuclear no mundo.

Nova tecnologia de ciclo fechado

Durante o discurso, Putin anunciou que a Rússia lançará o primeiro sistema de energia nuclear com ciclo fechado de combustível, a ser instalado na região de Tomsk, na Sibéria Ocidental. Diferentemente das usinas convencionais, esse modelo permite o reprocessamento e a reciclagem do combustível, reduzindo o volume de resíduos e elevando a eficiência energética.

Apesar do custo elevado, especialistas consideram essa inovação um passo estratégico para tornar a energia nuclear mais sustentável e competitiva no cenário global. O presidente também revelou que a Rússia se prepara para a produção em massa de usinas nucleares tanto terrestres quanto flutuantes, o que, segundo ele, marca o início de uma “nova ordem tecnológica fundamental”.

Compromissos internacionais e segurança nuclear

Putin enfatizou que a guerra na Ucrânia tem acirrado tensões internacionais e aumentado as preocupações com a segurança nuclear, mas reforçou que a Rússia continua cumprindo suas obrigações globais. “A Rússia cumpre rigorosamente todas as suas obrigações nucleares, independentemente da situação política. A regulamentação nuclear deve ser tal que seja mantido um equilíbrio entre o desenvolvimento da energia nuclear pacífica e o fortalecimento do regime de não proliferação”, declarou.

Segundo o presidente, a segurança nuclear será tratada como “prioridade absoluta” na política energética russa. Ele defendeu ainda a necessidade de ampliar os instrumentos de financiamento internacional para projetos do setor: “Acredito que devemos construir mais usinas nucleares e ampliar os instrumentos internacionais de financiamento, com acesso igualitário às tecnologias”.

Energia limpa e integração com os Brics

O líder russo relacionou a expansão nuclear à crescente demanda por energia limpa e de baixo carbono, especialmente para setores intensivos em consumo, como data centers e aplicações de inteligência artificial.

Putin lembrou ainda o papel dos Brics no apoio a esse movimento: “No início deste ano o Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos países do Brics, confirmou sua disposição para financiar projetos nucleares. Já no final do ano passado, por iniciativa da Rússia, foi criado um mecanismo para coordenar os esforços dos países do Brics, uma plataforma sobre energia nuclear”.

O evento reforça a estratégia do Kremlin de posicionar a energia nuclear como peça-chave no futuro energético global, combinando inovação tecnológica, sustentabilidade e cooperação internacional.