América Latina reage às interceptações de Israel e presta solidariedade à Faixa de Gaza
A Colômbia suspendeu os tratados comerciais acordados com o governo israelense
247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, expulsou todos os diplomatas israelenses do país e suspendeu os tratados comerciais acordados com Israel após a interceptação de embarcações que levavam comida e medicamentos para a Faixa de Gaza, onde, segundo o Ministério da Saúde local, mais de 66 mil palestinos morreram desde outubro de 2023 por causa dos ataques. A compilação das reações diplomáticas foi divulgada nesta quinta-feira (2) no Brasil de Fato.
“O tratado de livre comércio com Israel está denunciado imediatamente. Toda a delegação diplomática israelense na Colômbia deve sair [do país]”, escreveu em rede social.
“O Ministério das Relações Exteriores deve executar todas as demandas cabíveis, inclusive por meio da Justiça israelense. Convido advogados internacionais a servirem à Colômbia, junto de nossos advogados”.
O governo da Venezuela, presidido por Nicolás Maduro, afirmou que a interceptação é um “ato covarde de pirataria”. Na Bolívia, o presidente Luis Arce condenou o ataque como “violência inaceitável” e “afronta à dignidade humana”.
De acordo com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, a ação israelense é uma prova da “essência genocida de Israel” e reafirmou a solidariedade aos tripulantes da missão.
O Chile também manifestou apoio à flotilha e a seus cidadãos, com o governo atuando para proteger os dois chilenos a bordo.
Mais solidariedade
A França exigiu que Israel garanta a segurança dos participantes, seus direitos consulares e seu retorno seguro.
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, também comentou sobre o tema. “Essas embarcações levavam civis desarmados e suprimentos humanitários vitais para Gaza, mas foram recebidas com intimidação e coerção”, disse em suas redes.
Em pelo menos dez países, milhares de manifestantes foram às ruas condenar as novas investidas de Israel contra ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Na Europa, participantes das mobilizações convocaram greve geral.
A ativista ambiental Greta Thunberg, que também estava a bordo de uma das embarcações, se pronunciou. “Meu nome é Greta Thunberg. Estou a bordo do navio Alma. Estamos prestes a ser interceptados por Israel”, disse.
Situação de catástrofe
De acordo com dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, mais de 66 mil palestinos perderam a vida desde outubro de 2023 em decorrência dos ataques israelenses.
As forças de Israel não apenas cometem mortes na Faixa de Gaza, como também passaram a bloquear ajuda humanitária ao território palestino. A ONU afirmou, em 22 de agosto, que mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome. Foi a primeira vez que a fome foi declarada no Oriente Médio.
No mês de dezembro de 2023, a África do Sul apresentou uma ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), argumentando que a conduta do país em Gaza violava dispositivos da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. Pretória pediu medidas urgentes, mas Israel rejeitou a acusação, alegando que suas operações se davam em resposta a ofensivas terroristas. O governo brasileiro declarou apoio à ação sul-africana.
Em janeiro de 2024, a CIJ decidiu que Israel deveria adotar providências para impedir o genocídio em Gaza, responsabilizar aqueles que incitassem esse crime e garantir a chegada de auxílio humanitário à população local. A Corte, entretanto, não determinou a suspensão das operações militares, como havia solicitado a África do Sul. O Brasil e outras nações manifestaram apoio à deliberação.
Posteriormente, em novembro de 2024, a Corte Internacional emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e lideranças do Hamas, sob a acusação de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas rejeitaram as acusações.
