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“Trump normaliza a limpeza étnica e transforma Gaza em projeto imobiliário", diz Pepe Escobar

Analista geopolítico condena o plano do presidente dos EUA para a Palestina

Pepe Escobar e Donald Trump (Foto: Brasil247 | Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em uma declaração alarmante, o presidente dos Estados Unidos praticamente normalizou um genocídio em Gaza, descrevendo a região devastada como uma futura "Riviera". O jornalista Pepe Escobar, em seu canal no YouTube, analisou essa postura e as consequências geopolíticas da política norte-americana para o Oriente Médio. Para Escobar, a visão de Washington consolida um "Israel sem fronteiras", impulsionado por uma expansão territorial permanente e respaldado por uma aliança inquebrantável com os EUA.

O jornalista destacou a Conferência do Clube Valdai, realizada em Moscou, como um dos principais fóruns de debate sobre a questão palestina e as movimentações do imperialismo ocidental. No evento, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, reafirmou a posição russa favorável a um Estado palestino soberano, refletindo a visão predominante no Sul Global. “A normalização da ocupação israelense é parte de um projeto de remodelação geopolítica, que agora encontra respaldo irrestrito em Washington”, afirmou Escobar.

A Riviera Trump: um projeto de colonização baseada no genocídio

Escobar denunciou a tentativa de transformar Gaza em um empreendimento imobiliário, referindo-se à proposta como "Riviera Trump". O conceito se insere na estratégia israelense de expansão territorial, promovendo a erradicação da identidade palestina e a ocupação sistemática de territórios vizinhos, como o Líbano e a Síria. O apoio norte-americano a essa política tem sido escancarado, com a nova administração em Washington não apenas ignorando os crimes de guerra cometidos por Tel Aviv, mas os justificando publicamente.

O discurso de Trump, que sequer mencionou a palavra "palestinos", confirma a indiferença do governo dos EUA diante da devastadora realidade da limpeza étnica conduzida por Israel. “O império dita as regras e impõe sua ordem – ou você se submete, ou será esmagado”, pontuou Escobar, referindo-se à nova fase da reconfiguração geopolítica promovida pelos Estados Unidos.

A resposta russa e a integração do Sul Global

Enquanto os EUA aprofundam seu alinhamento com Israel, a Rússia fortalece laços com o Irã e outros países do Sul Global. A integração econômica entre Moscou, Teerã e Nova Deli se intensifica, com investimentos russos na modernização da infraestrutura iraniana e no fortalecimento do Corredor Internacional Norte-Sul, que conecta a Rússia à Índia via Irã. A medida representa um contrapeso direto às tentativas dos EUA de isolar o Irã e frear sua ascensão como um ator-chave na região.

De acordo com Escobar, essa estratégia também reforça os BRICS, ampliando a cooperação entre potências emergentes e desafiando a hegemonia ocidental. "A guerra contra os BRICS já começou, e esse corredor é uma das principais peças desse tabuleiro", observou.

Caos descontrolado e a nova ordem israelocêncentrica

Para analistas presentes na Conferência do Clube Valdai, o mundo entrou em uma "era de instabilidade insustentável", na qual a antiga doutrina do "caos controlado" dos EUA deu lugar a uma desordem absoluta. O fortalecimento de uma "ordem israelocêncentrica" no Oriente Médio representa um risco para a estabilidade global, pois ignora as demandas do mundo árabe e do Islã como um todo. Apesar disso, Escobar destacou que a resposta dos governos árabes é de total submissão ao império, por medo de retaliações econômicas e militares.

A tendência é que a "resistência", composta pelo Irã, Hezbollah, as milícias iraquianas e os Houthis do Iêmen, se reconfigure para enfrentar essa nova realidade. Ao mesmo tempo, a política externa dos EUA acelera a fragmentação da União Europeia, que caminha para um modelo de "múltiplas Ucrânias", transformando-se em uma base avançada para os interesses de Washington contra Moscou.

Trump 2.0 e a anexacão acelerada da Europa

A nova administração americana dá sinais de que pretende converter a OTAN e a União Europeia em instrumentos diretos de sua política expansionista. A previsão é que os países europeus sejam gradativamente arrastados para uma posição subalterna, sem autonomia política ou econômica, assumindo o papel de "hienas" na nova dinâmica imperial.

Dentro desse contexto, a estratégia norte-americana se baseia em sanções comerciais, tarifas e bloqueios econômicos, atingindo tanto aliados quanto adversários. "O império está atacando todos ao mesmo tempo: Sul Global, Norte Global, aliados, adversários. É uma guerra comercial total", enfatizou Escobar. Assista:

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