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      Trump não tem autoridade para me demitir e não vou renunciar, afirma diretora do Fed

      Lisa Cook contesta decisão de Donald Trump e diz que continuará exercendo suas funções no Federal Reserve

      Lisa Cook (Foto: REUTERS/Jim Urquhart)
      Otávio Rosso avatar
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      247 - A diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, declarou nesta segunda-feira (25) que a tentativa de demissão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não possui amparo legal. Em comunicado, Cook também reforçou que não pretende renunciar ao cargo, apesar da pressão da Casa Branca. As informações são da Folha de S. Paulo.

      “O presidente Trump alegou me demitir ‘por justa causa’, quando não existe justa causa conforme a lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, afirmou a economista. Trump havia anunciado a saída de Cook em suas redes sociais, alegando suspeita de fraude em documentos relacionados a uma hipoteca, acusação apresentada por William Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, e negada pela diretora.

      Acusações e defesa

      Segundo Pulte, Cook teria indicado um condomínio em Atlanta como residência principal ao mesmo tempo em que declarava uma casa em Michigan como sua moradia principal para fins de financiamento. Ele afirmou ainda que investiga outra propriedade em Massachusetts. A diretora, no entanto, disse que leva a sério qualquer questionamento sobre sua vida financeira e que está reunindo informações para responder a eventuais dúvidas.

      Em resposta, Cook assegurou que continuará exercendo suas responsabilidades. “Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana como tenho feito desde 2022”, declarou.

      Primeira mulher negra na diretoria do Fed

      Nomeada em 2022 pelo então presidente Joe Biden, Lisa Cook fez história como a primeira mulher negra a integrar a diretoria do Federal Reserve. Ela é uma das três diretoras cujo mandato se estende além do atual governo Trump. Em julho, participou da decisão que manteve a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5%, movimento que contrariou a pressão do presidente dos EUA, que defende cortes agressivos de até três pontos percentuais.

      Reações à ofensiva de Trump

      A medida de Trump foi duramente criticada por especialistas e opositores. Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell, classificou a tentativa de afastamento como “um ato extraordinário de agressão que viola a independência do Fed”. Já a senadora democrata Elizabeth Warren chamou a ação do presidente de “tomada de poder autoritária que viola flagrantemente a Lei do Federal Reserve e deve ser anulada nos tribunais”.

      O advogado de Lisa Cook, Abbe Lowell, também condenou a postura presidencial. “O presidente Trump recorreu às redes sociais para mais uma vez ‘demitir por tuíte’. O reflexo de intimidar de Trump é falho e suas exigências carecem de qualquer processo adequado, base ou autoridade legal. Tomaremos todas as medidas necessárias para impedir sua tentativa de ação ilegal”, afirmou.

      Contexto histórico e jurídico

      Historicamente, presidentes dos EUA e o Federal Reserve já se desentenderam em várias ocasiões, mas analistas destacam que a ofensiva atual de Trump contra a instituição não tem precedentes em intensidade. A Suprema Corte já se posicionou neste ano sobre tema semelhante, afirmando que o presidente não possui autoridade para remover membros do Fed.

      Apesar das críticas, o presidente reforça que sua postura é motivada pela necessidade de preservar a confiança pública no Federal Reserve. “O povo americano precisa ter plena confiança na honestidade dos membros encarregados de definir políticas e supervisionar o Federal Reserve”, declarou Trump em nota.

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