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Trump confirma suspensão da ajuda militar dos EUA à Ucrânia após confronto com Zelensky

Decisão amplia tensão entre os dois países e provoca reação dos democratas

Armas dos EUA usadas pela Ucrânia na guerra contra a Rússia (Foto: Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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WASHINGTON, 4 de março (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu a ajuda militar à Ucrânia após um confronto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ocorrido na semana passada, segundo um oficial da Casa Branca. A decisão agrava a crescente fissura entre os dois países e gera preocupação entre aliados ocidentais.

A medida ocorre em meio às mudanças de diretriz na política externa dos EUA desde a posse de Trump, que adotou uma postura mais conciliatória em relação a Moscou. O confronto entre Trump e Zelensky, ocorrido na sexta-feira na Casa Branca, escalou após o presidente norte-americano criticar o líder ucraniano por não demonstrar gratidão suficiente pelo apoio de Washington na guerra contra a Rússia.

“O presidente Trump tem sido claro sobre sua prioridade: a paz. Precisamos que nossos parceiros estejam comprometidos com esse objetivo. Estamos pausando e revisando nossa ajuda para garantir que ela esteja contribuindo para uma solução”, disse um alto funcionário da administração, sob condição de anonimato.

A Casa Branca não esclareceu o escopo ou o montante da ajuda afetada, nem a duração da suspensão. O Pentágono também não forneceu detalhes adicionais. O gabinete de Zelensky e a embaixada ucraniana em Washington não responderam imediatamente aos pedidos de comentário da Reuters.

A decisão de Trump gerou forte reação dos democratas no Congresso dos EUA. “Ao congelar a ajuda militar à Ucrânia, o presidente Trump abriu caminho para que Putin intensifique sua agressão violenta contra civis inocentes. As consequências serão devastadoras”, afirmou a senadora democrata Jeanne Shaheen, integrante do Comitê de Relações Exteriores do Senado.

Trump critica Zelensky e sugere acordo mineral

Trump voltou a criticar Zelensky na segunda-feira, sugerindo que o presidente ucraniano deveria ser mais agradecido pelo suporte norte-americano. O republicano reagiu com irritação a uma reportagem da Associated Press que citava Zelensky dizendo que o fim da guerra estava "muito, muito distante".

“Essa é a pior declaração que Zelensky poderia ter feito, e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!”, escreveu Trump na rede Truth Social.

Apesar do impasse, Trump indicou que um acordo para a exploração de minerais ucranianos por empresas norte-americanas ainda poderia ser firmado. Desde a invasão russa há três anos, os EUA destinaram US$ 175 bilhões em assistência financeira e militar à Ucrânia, segundo o Comitê para um Orçamento Federal Responsável. Para a administração Trump, um acordo mineral poderia ser uma forma de os EUA recuperarem parte dos recursos investidos no país.

Questionado sobre o futuro do acordo, Trump respondeu: “Não, eu não acho que esteja morto”, e prometeu atualizações no discurso que fará nesta terça-feira diante do Congresso.

Vice-presidente Vance defende interesse econômico dos EUA

O vice-presidente JD Vance reforçou a estratégia de Trump, sugerindo que Zelensky aceitasse o acordo mineral como uma forma de garantir a segurança do país. “Se você quer garantias reais de segurança, a melhor opção é dar aos americanos um interesse econômico no futuro da Ucrânia”, disse Vance em entrevista à Fox News.

Zelensky, no entanto, insiste que um cessar-fogo deve incluir garantias formais de segurança do Ocidente para evitar futuros ataques russos. Trump tem se recusado a conceder tais garantias.

Europa busca alternativa diplomática

Enquanto Washington recua no apoio militar, países europeus tentam costurar um plano de paz para a Ucrânia. Algumas nações, como França e Reino Unido, discutem o envio de tropas em caso de cessar-fogo, mas enfatizam que necessitam do apoio dos EUA para avançar.

O governo da Hungria, crítico das sanções europeias contra Moscou, apoiou a decisão de Trump. “O presidente dos EUA e o governo húngaro compartilham a mesma visão: em vez de continuar enviando armas e prolongando a guerra, é necessário um cessar-fogo e negociações de paz o mais rápido possível”, declarou um porta-voz de Budapeste.

A suspensão da ajuda militar pelos EUA levanta dúvidas sobre a continuidade do apoio logístico a Kiev, incluindo fornecimento de munição e compartilhamento de inteligência sobre alvos russos. A decisão também pegou de surpresa membros do Congresso, que não foram previamente informados.

Organizações de defesa da Ucrânia condenaram a medida. "Ao interromper abruptamente a assistência militar, Trump está abandonando os ucranianos e dando carta branca para a Rússia continuar sua ofensiva", afirmou o grupo Razom for Ukraine em nota.

O impasse entre Washington e Kiev adiciona um novo elemento de incerteza ao conflito, enquanto a Europa busca preencher o vácuo deixado pela administração Trump.

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