Trump cobra cessar-fogo imediato antes de reunião com Putin

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (15) que deseja ver um cessar-fogo “hoje” na guerra da Ucrânia, pouco antes de viajar ao Alasca para uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin. As informações são da agência Reuters.

O encontro, marcado para uma base aérea da era da Guerra Fria, será o primeiro entre os dois líderes desde que Trump retornou à Casa Branca.

Trump declarou a jornalistas a bordo do Air Force One que não negociará em nome de Kiev. “Não estou aqui para negociar pela Ucrânia, estou aqui para colocá-los à mesa”, disse, acrescentando que “quero ver um cessar-fogo rapidamente... Não ficarei feliz se não for hoje... Quero que as matanças parem”.

O republicano espera que uma trégua na guerra, que já dura três anos e meio, fortaleça sua imagem como pacificador global e, segundo ele, digno do Prêmio Nobel da Paz.

Do lado russo, a cúpula já é celebrada como vitória diplomática. Para Putin, o encontro é prova de que anos de tentativas ocidentais de isolar Moscou fracassaram. O enviado especial russo Kirill Dmitriev descreveu o clima pré-cúpula como “combativo” e disse que a pauta incluirá não só a Ucrânia, mas todo o espectro das relações bilaterais.

Trump, que chegou a prometer o fim da guerra em 24 horas, reconheceu na véspera que a tarefa é mais difícil do que previa. Caso as conversas avancem, ele pretende organizar rapidamente uma nova cúpula, desta vez tripartite, com a presença do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que esse formato é possível, se houver progresso em Alasca.

Zelenskiy, excluído do encontro, afirmou que a reunião deve abrir caminho para uma “paz justa”, mas reforçou que Moscou continua atacando seu país. Um míssil balístico russo atingiu a região de Dnipropetrovsk nesta sexta, matando uma pessoa e ferindo outra. “É hora de acabar com a guerra, e os passos necessários devem ser dados pela Rússia. Estamos contando com a América”, escreveu o líder ucraniano no Telegram.

Segundo fontes próximas ao Kremlin, há sinais de que Moscou pode buscar um compromisso, diante dos custos econômicos da guerra e da pressão de sanções ocidentais. Putin teria sinalizado disposição para congelar o conflito nas atuais linhas de frente, em troca de garantias jurídicas contra a expansão da Otan para o leste e da suspensão parcial das sanções.

Putin também ofereceu discutir um novo acordo de controle de armas nucleares, para substituir o último tratado vigente, que expira em fevereiro. Uma das possibilidades para o encontro no Alasca é um entendimento inicial sobre um cessar-fogo parcial, como a interrupção da guerra aérea, enquanto questões de verificação são discutidas.

Apesar das especulações, Zelenskiy rejeita formalmente ceder qualquer território à Rússia e exige garantias de segurança com apoio dos EUA. Nas ruas de Kiev, muitos ucranianos se dizem descrentes em relação ao resultado da cúpula. “Nada de bom vai sair dali, porque guerra é guerra, ela não vai acabar. Territórios, nós não vamos dar a ninguém”, afirmou Tetiana Harkavenko, de 65 anos.