Sob protestos e pressão externa, Ucrânia intensifica agenda anticorrupção

247 - A Ucrânia acusou formalmente seis pessoas por envolvimento em um esquema de corrupção ligado à compra de drones e equipamentos de interferência eletrônica destinados às Forças Armadas. A denúncia foi confirmada nesta segunda-feira (4) e divulgada pela agência Reuters.

De acordo com a Agência Nacional Anticorrupção da Ucrânia, o grupo é suspeito de desviar recursos públicos por meio de contratos inflacionados firmados entre 2024 e 2025, com uso de propina. Estão entre os acusados um parlamentar em exercício, um ex-governador e chefe de administração regional, o chefe da administração militar de uma cidade, o comandante de uma unidade da Guarda Nacional e dois empresários — um deles proprietário de uma empresa fabricante de drones.

Segundo o comunicado oficial, “em 2024–2025, um grupo criminoso organizado desviou sistematicamente os fundos alocados pelas autoridades locais para as necessidades de defesa”. A agência anticorrupção afirmou que o valor das propinas corresponde a cerca de 30% dos contratos. Um dos contratos, no valor de US$ 240 mil, apresentava um sobrepreço de aproximadamente US$ 80 mil. Os equipamentos eram produzidos dentro do próprio país.

O deputado foi detido e recebeu ordem de prisão preventiva por dois meses. A liberdade provisória está condicionada ao pagamento de uma fiança de cerca de US$ 190 mil, conforme decisão do tribunal anticorrupção da Ucrânia. Nenhum dos suspeitos teve o nome revelado pelas autoridades.

A Ucrânia enfrenta crescente pressão internacional para conter práticas ilícitas na administração pública. O país mantém negociações para avançar no processo de adesão à União Europeia, cuja exigência central é o combate eficaz à corrupção. No mês passado, o presidente Volodymyr Zelenskiy foi criticado por limitar, ainda que temporariamente, a autonomia de dois órgãos anticorrupção. No sábado (3), ele elogiou o andamento das investigações após reunião com os chefes dessas instituições.